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Monte dei Paschi à beira do resgate afunda 12% em bolsa
Além de não ter garantido um investidor estratégico, o Monte dei Paschi não está a atrair o interesse desejado na operação de troca de dívida por acções. Falhados estes passos, a intervenção do Estado está a ser apontada como iminente.
As acções do italiano Monte dei Paschi afundaram 12,08% para 16,30 euros na sessão desta quarta-feira, 21 de Dezembro, depois de terem desvalorizado um máximo de 19,09% para 15 euros, o valor mais baixo desde que começaram a negociar em 1999. Durante a manhã, os títulos chegaram mesmo a ser suspensos devido às fortes descidas.
Esta evolução acontece numa altura em que a intervenção do Estado no banco é apontada como cada vez mais provável, com recurso ao fundo de 20 mil milhões de euros, cuja constituição teve hoje luz verde do parlamento italiano.
O Financial Times aponta já para o falhanço do plano de recapitalização de 5 mil milhões de euros, através de privados, e para a iminência de um resgate do Estado. Esta publicação adianta que o plano de recapitalização "colapsou" esta quarta-feira depois de o Monte dei Paschi não ter conseguido garantir um investidor estratégico, uma parte crucial do plano.
Outra parte pressuponha o sucesso da operação de troca de dívida por acções, que decorre até quinta-feira, mas que não está a atrair o interesse desejado. Na terça-feira, o montante arrecadado era de apenas 500 milhões de euros, um valor que terá subido para 1,8 mil milhões, esta quarta-feira, segundo o Il Sole 24 Ore.
Falhadas estas etapas, é apontado como quase certo que o Governo liderado por Paolo Gentiloni terá de intervir no Monte dei Paschi elevando a sua participação no banco muito acima dos actuais 4%. De acordo com o Financial Times, que cita fontes próximas da instituição, o Estado poderá mesmo ficar com uma posição maioritária.
Numa comunicação publicada no seu site esta quarta-feira, o banco avisou que poderá ficar sem liquidez mais rápido do que era previsto, se não conseguir concluir com sucesso o seu plano de recapitalização de cinco mil milhões de euros.
Depois de ter dito na semana passada que a sua posição de liquidez de 10,6 mil milhões de euros deveria durar 11 meses, a instituição alertou agora que o prazo deverá ser mais curto, de apenas quatro meses. No quinto mês, o banco poderá ter já uma liquidez negativa em 15 milhões de euros.
No parlamento, o ministro italiano das Finanças, Pier Carlo Padoan, afirmou hoje que a recapitalização apoiada pelo Governo estará condicionada à disposição dos bancos de adoptar planos de reestruturação que lhes permitam "andar pelas suas próprias pernas, ser rentáveis e financiar a economia".
Padoan insistiu que, tirando algumas situações "críticas", o sistema bancário de Itália é "sólido e saudável". O ministro prometeu ainda "minimizar, se não mesmo anular" qualquer impacto da intervenção pública nas poupanças dos cidadãos comuns.
Além do Monte dei Paschi, há uma série de outros bancos mais pequenos apontados como os próximos na lista da intervenção do Estado: o Veneto Banca, o Popolare Vicenza, o Cassa di Cesena, Cassa di Rimini e Cassa di San Miniato, segundo o italiano Il Messaggero.