Murteira Nabo antecipa que Isabel dos Santos vai chegar a acordo com o CaixaBank para controlar o BPI, que "provavelmente se candidatará ao Novo Banco". "Acho que o BPI pode vir a consolidar-se com o Novo Banco", frisou o economista, arriscando que "infelizmente [os bancos de origem nacional] vão ficar todos estrangeiros".

Em entrevista à Antena1 e Diário Económico, o ex-presidente da Marconi, PT e Galp Energia refere que a ideia de nacionalizar o Novo Banco "é um disparate", argumentando que "estar a nacionalizar um banco daquela importância e dimensão, tendo o Estado já a Caixa Geral de Depósitos, que tem 30% ou mais de quota de mercado, não faz sentido".

Murteira Nabo deixou também muitas críticas às resoluções do BES e do Banif. Em relação ao primeiro contrapõe que "era possível decidir a capitalização e havia quem estivesse disposto a capitalizar", lamentando que se estejam "a vender activos dos 'BES mau' a preços de saldo" e não se consiga vender o Novo Banco, "o que fará com que alguma coisa sobre para os contribuintes".

"E ainda há um efeito, não medido, que é o efeito induzido. A decisão do Fundo de Resolução parou todo o grupo e levou-o à falência. Um grupo que tinha 20% de quota de mercado na banca e 300 empresas e, de repente, fica à venda, em saldo, tem um efeito brutal sobre a economia. Para mim, o Fundo de Resolução foi um erro", detalhou.

O governador [do Banco de Portugal] é inamovível. Acho que não deve demitir-se. Murteira nabo

O ex-bastonário da Ordem dos Economistas classificou ainda de "uma precipitação, um erro" o processo Banif. A solução "desacreditou o país, como aconteceu com o BES, e está tudo em litígio com os fundos lá fora". Ainda assim, apesar de considerar que "foi um erro" do Executivo de Pedro Passos Coelho não ter resolvido mais cedo o problema do Banif, relativizou o tema: "não é muito importante porque era um banco pequeno".

Numa entrevista em que projecta que não haverá eleições antecipadas em Portugal, Murteira Nabo lamenta ainda o "clima de desconfiança" que reina entre o actual Governo socialista e o governador do Banco de Portugal. "O governador é inamovível. Acho que não deve demitir-se", resumiu. O conflito entre Costas – António e Carlos – "não ajuda a ninguém, nem o país, nem a imagem externa, nem o Banco de Portugal", sustentando que "não está em causa a competência do governador.