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Banco de Portugal gasta 1,8 milhões com consultora no Banif

A Oliver Wyman, que começou a trabalhar em Outubro de 2015 no Banif, recebeu 1,85 milhões de euros por três meses devido a serviços de consultoria. O banco foi alvo de resolução em Dezembro.

Carolina Cravinho
11 de Março de 2016 às 18:12
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O Banco de Portugal comprometeu-se a pagar 1.845.000 euros à Oliver Wyman no âmbito de serviços de consultoria. Embora o contrato, publicado no portal Base (site que agrega as contratações públicas), não o mencione, foi já noticiado que, nos últimos meses de 2015, aquela empresa esteve a trabalhar em torno do dossiê Banif. Além de que foi a unidade de resolução do regulador que co-assinou o contrato. 

 

Em causa estavam "serviços de consultoria definidos no caderno de encargos e na proposta adjudicada". Nada mais é dito, em termos de objecto do trabalho. O contrato, cuja minuta foi aprovada a 25 de Janeiro de 2016 pelo regulador liderado por Carlos Costa, teve a adjudicação feita a 29 de Dezembro, nove dias depois da intervenção no Banif. No entanto, o trabalho feito pela Oliver Wyman foi anterior a isso.

 

"O contrato reporta os seus efeitos a 21 de Outubro de 2015 e mantém-se em vigor até 31 de Dezembro de 2015, renovando-se automaticamente no seu termo por iguais e sucessivos períodos de uma semana, até um máximo de 20 semanas salvo denúncia por qualquer das partes", indica o documento.

 

Os 1,8 milhões de euros pagos à consultora é o valor máximo fixado no contrato - o trabalho efectivo pode ter sido a um preço menor. Mas é um valor a que ainda tem de se somar o IVA. Além disso, pode ainda "acrescer o reembolso das despesas de transporte e alojamento, com um limite de 15% face ao preço fixado". Ou seja, tendo como base os 1,8 milhões de euros, o montante poderia chegar até um máximo de 2,1 milhões, ainda sem o IVA. 

 

No contrato, do lado do Banco de Portugal, assinaram o director do departamento de serviços de apoio, Eugénio Gaspar, e o director responsável pela unidade de resolução, João Freitas. Pablo Barreiro foi o responsável da empresa, cuja representação é em Madrid.

No âmbito da resolução, determinada a 20 de Dezembro de 2015, o Banif acabou por ter a sua principal actividade bancária vendida ao Santander Totta, cujo principal accionista é o espanhol Santander.

 

O jornal Público já tinha dado conta, em Dezembro, que a equipa de Carlos Costa tinha contratado a Oliver Wyman para preparar uma "linha de resolução do Banif". Algo que acontecia ao mesmo tempo que a gestão do Banif estava a trabalhar com a empresa espanhola N+1 que visava a venda do banco. A venda não aconteceu e houve mesmo a intervenção que envolveu a injecção imediata de 2.255 milhões de euros do Estado (que obrigou a um Orçamento Rectificado) e a concessão de garantias que fazem com que a factura possa ascender a 3.000 milhões (para além dos 825 milhões de euros injectados em 2011 não devolvidos e que dificilmente serão recuperados). 

 

A Oliver Wyman é, aliás, uma das entidades convocadas pelos partidos políticos para prestar depoimento na comissão parlamentar de inquérito ao Banif, precisamente para explicar qual o envolvimento neste processo. 




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