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Catarina Martins alerta que “Portugal está a ficar sem um sistema financeiro”

A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse sábado, 12 de Março, em Famalicão, que "Portugal está a ficar sem um sistema financeiro", um problema "urgente e grave", aconselhando "decisões em nome do interesse público".

Catarina Martins: A líder bloquista ainda vota em Gaia, apesar da sua vida ser feita sobretudo em Lisboa, na Assembleia da República. A actriz, fundadora da companhia Visões Úteis, no Porto, nasceu em 1973; tem uma licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, com um mestrado em Linguística. É desde 2009 deputada pelo Bloco de Esquerda e porta-voz desde 2014.
Miguel Baltazar
13 de Março de 2016 às 11:08
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"Onde há dinheiro público tem de haver controlo público. Onde há controlo público tem de haver gestão pública em nome do interesse público", declarou Catarina Martins, na biblioteca de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, apontando que "Portugal só terá sistema financeiro se assumir o controlo público daquilo que já pagou", sendo "o melhor exemplo" disso o Novo Banco.

Catarina Martins referiu que Portugal está "a pagar sucessivamente bancos para os entregar a mãos estrangeiras" e "até o Presidente da República" já alertou que "é preciso cuidado porque se pode ficar sem centros de decisão".

"Precisamos de pensar muito bem em Portugal sobre não termos controlo de sectores estratégicos. Foi um tremendo erro privatizarmos as empresas que hoje precisamos para relançar a economia e criar emprego", considerou.

Catarina Martins também falou das dotações que o Orçamento do Estado (OE) prevê para a Grécia e para a Turquia, vincando que em causa estão "assuntos diferentes".

"No caso da Grécia, estamos a falar de devolver os juros que os bancos centrais fizeram à conta da dívida grega. Os Estados fizeram dinheiros com a crise de outro Estado e nós achamos normal que se devolva esse dinheiro. Como também achamos que quem ganhou com a crise portuguesa tem de devolver o dinheiro a Portugal", disse.

A porta-voz do BE avançou que não deve ser a União Europeia (UE) a decidir se o dinheiro é entregue à Grécia se este país aplicar medidas de austeridade.

"O dinheiro é dos gregos, nós não temos de dizer como é que eles o gastam. Temos só de devolver aquilo com que ficamos e não era nosso (...). Não aceitamos que a devolução esteja dependente da Comissão Europeia dar ordens do que faz com o seu dinheiro. Isso é um mau acordo. Não aceitamos que limitem a nossa soberania democrática".

Relativamente à Turquia, Catarina Martins referiu que está em causa um "acordo gravíssimo", porque é feito para que a Turquia "não deixe os refugiados passarem para a Europa".

"Nós não estamos a ajudar refugiados. Nós estamos a pagar para não se deixar os refugiados passar e depois logo se vê o que acontece. Estamos a pagar para que a crise humanitária em vez de estar na UE, esteja na Turquia e em dose solidária (...). Não aceitamos passar a crise para a Turquia em dose dupla para os nossos olhos não verem as pessoas a sofrerem", afirmou.

Isto depois de fazer uma análise ao Orçamento do Estado e às medidas que estão a ser tomadas com o novo Governo socialista, que é suportado no parlamento pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, falando, por exemplo, em "reposição de injustiças que a direita estava a praticar".

Admitindo que este OE "não acaba com a austeridade", Catarina Martins destacou que é um documento "sem privatizações" e que "pára com o empobrecimento".

Na biblioteca de Vila Nova de Famalicão, Catarina Martins também criticou o facto do investimento público ser "quase inexistente em Portugal". "Temos os fundos europeus e pouco mais", disse.

E ainda sobre o OE para 2016, referiu que este "confrontou Portugal com os limites sobre a soberania", criticando uma "União Europeia tem um problema gravíssimo de legitimidade democrática".

 

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