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Moody’s: Banca nacional vai continuar a ter dificuldade em financiar-se nos próximos 18 meses

A perspectiva da agência de “rating” sobre o sistema bancário português continua a ser “negativa”. Os activos dos bancos deverão continuar a perder qualidade e os resultados deverão permanecer fracos. A recessão económica é a principal responsável pelo desempenho negativo do sector.

Bloomberg
17 de Janeiro de 2013 às 07:47
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A Moody’s considera que os bancos portugueses devem continuar a sentir dificuldades no acesso ao mercado de dívida para se financiarem nos próximos 18 meses.

 

A agência de notação financeira, num comunicado emitido quarta-feira, 16 de Janeiro, ao final da noite, assinalou que a perspectiva sobre o sistema bancário português continua a ser “negativa”, tal como o é desde 2008.

 

A perspectiva negativa reflecte, em parte, a ideia de que “o acesso restrito [da banca] a financiamento nos mercados não se deverá normalizar nos próximos 12 a 18 meses”.

 

Os bancos nacionais, à semelhança do que acontece com as instituições financeiras dos países periféricos, têm tido dificuldade em obter empréstimos nos mercados, para financiarem as suas operações, devido à crise da dívida que obrigou o país a pedir financiamento externo aos parceiros europeus e internacionais. Por isso, acabaram por recorrer ao Banco Central Europeu (BCE) para ter liquidez.

 

Para reduzirem essa dependência do BCE – embora, em Dezembro, a exposição a Frankfurt tenha caído para mínimos de Fevereiro do ano passado com empréstimos de 52,78 mil milhões de euros junto da autoridade monetária –, os bancos têm de reduzir a dimensão dos seus balanços, conforme inscrito nos planos de capitalização.

 

Contudo, “a dimensão considerável de desalavancagem exigida para alcançar esse objectivo coloca riscos aos resultados dos bancos”, assinala a analista sénior da Moody’s, Maria Jose Mori.

 

“A Moody’s espera que os resultados dos bancos permaneçam fracos ao longo deste período [18 meses]”, indica ainda a agência no comunicado.

 

Nos últimos dias, há vários bancos que já se têm aproximado do mercado de dívida. Por um lado, o BES já emitiu dívida a cinco anos sendo que, por outro, a CGD colocou obrigações hipotecárias no mercado.

 

Capitalização não compensa totalmente recessão

 

Além dos fracos resultados previstos, a Moody’s sublinha que os activos da banca se vão continuar a deteriorar devido “ao fraco ambiente operacional, à economia em recessão e ao ambiente soberano tenso”. E o facto de os bancos terem implementado os seus planos de capitalização “não compensa totalmente” os “motores” que justificam, na opinião da agência, “a perspectiva negativa” sobre a banca.

 

Até porque a Moody’s afirma que, em situações de stress, a capacidade de absorção de perdas da maior parte dos bancos portugueses que analisa não será suficiente para que sejam alcançados os requisitos mínimos de solvabilidade (um rácio de solidez financeira “core Tier One” de 10%, de acordo com o Banco de Portugal).

 

A deterioração da qualidade dos activos do sector financeiro deverá continuar, graças, sobretudo, à recessão económica. Além disso, o crescimento dos créditos problemáticos deverá, igualmente, acelerar.

 

O BCP, o Banif e a CGD têm todos uma notação financeira de grau “especulativo” sobre as suas dívidas, algo que foi reafirmado ou, até, revisto em baixo, em Dezembro último. A dívida de Portugal está, para a agência, classificada com um nível de “Ba3”, o terceiro nível de “lixo”, ou seja, quando já não aconselha aos investidores o investimento.  A Moody’s é, entre as três principais agências de “rating”, a que atribui a pior notação à dívida nacional.

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