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Líder dos quadros bancários diz que "Montepio não tem problema nenhum"

Paulo Marcos entende que "os ataques não são inocentes" num contexto em que os bancos têm perdido o capital ou o centro de decisão nacional. E sugere que a Caixa meta carrinhas a percorrer as terras que perdem agências.

Montepio tem a taxa de juro mais elevada
Entre os bancos que definem a remuneração do depósito em função da relação do cliente, o Montepio oferece o juro mais alto: 1,3%, em média, no prazo de 12 meses. Com um mínimo de investimento de cinco mil euros, o 'Montepio 4D' obriga os clientes a terem pelo menos quatro produtos. Caso contrário, paga 0,25%, em média.
03 de Abril de 2017 às 09:40
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O presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) considera que tanto a associação mutualista como o banco Montepio têm "papéis sociais e económicos importantíssimos, suficientemente importantes para que a sociedade civil não deixe que uma disputa de poder num destes órgãos possa contaminar o outro ou possa pôr em causa o papel que cada um deles desempenha".

 

Em entrevista ao jornal i, publicada esta segunda-feira, 3 de Abril, Paulo Gonçalves Marcos sustenta que "o banco Montepio não tem problema nenhum" e que "é provavelmente o banco com crédito mais disperso, tem as poupanças mais dispersas". E insinua ainda que "talvez alguém ganhe com esta confusão porque estamos num processo de reconfiguração do sector".

 

"Há quatro ou cinco anos, os grandes bancos tinham ou capital ou o centro de decisão em Portugal, mas depois desta alienação do Novo Banco ficamos apenas com dois grupos com capital ou com centro de decisão em Portugal. O que me parece é que estes ataques não são inocentes e é importante que a sociedade civil perceba que trazer para a praça pública questões de luta privada não tem interesse nenhum", resumiu.

 

Quanto à Caixa Geral de Depósitos, o dirigente eleito em Dezembro de 2015 gostaria que o Governo e a administração do banco tivessem "uma sensibilidade especial" em torno do processo de encerramento de balcões. Embora achasse "razoável" que não fechasse onde é a única agência, caso isso aconteça deve adoptar "soluções itinerante que possam providenciar serviços", dando o exemplo do Bank of Scotland, que em algumas localidades tem um serviço itinerante com carrinhas.

 

No entanto, recorda Paulo Marcos, os problemas da Caixa não advêm de ter 150 balcões a mais e dois mil trabalhadores em excesso. "Os problemas estão identificados e esses milhares de milhões que tiveram de ser injectados são resultado das gestões sem controlo. Devíamos ter tido um processo de selecção da equipa de gestão mais competitivo e mais transparente, com uma análise rigorosa de currículos e eventuais entrevistas no Parlamento", acrescenta.

 

Novo Banco dará "retorno fabuloso"

 

Sobre a operação de alienação do Novo Banco, concluída na passada sexta-feira, o líder do SNQTB, com mandato até 2019, considera na mesma entrevista que "a venda, ainda que em situação menos favorável, é melhor do que nada fazer". Olhando para o médio prazo e também para o histórico da Lone Star, antecipa que o fundo norte-americano "virá a ter um retorno fabuloso" com o antigo BES.

 

Paulo Marcos contesta, porém, a "cultura de opacidade" em torno deste processo e adiantou que "gostaria que, depois de este processo estar todo concluído, o Banco de Portugal deixasse em consulta as diversas fases do processo, os candidatos, as propostas e a troca de correspondência". "Acho que isso era um escrutínio democrático que todos gostaríamos de fazer de forma independente", conclui.

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