Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Lesados do papel comercial: auditoria forense mostra negligência dos reguladores

Os reguladores "terão falhado redondamente". Ricardo Ângelo, presidente da associação de clientes do BES com papel comercial do GES, reage à auditoria forense atacando a supervisão. Além disso, o documento vem "reforçar" a expectativas de reembolso, acrescenta.

Bruno Simão/Negócios
05 de Março de 2015 às 19:23
  • 13
  • ...

A auditoria forense mostra que as autoridades de supervisão terão "falhado redondamente" na sua actuação, baseando-se em "erros de julgamento", de acordo com Ricardo Ângelo, presidente da Associação Indignados e Enganados do Papel Comercial, que junta clientes do Banco Espírito Santo que compraram aos seus balcões dívida do Grupo Espírito Santo.

 

"Houve erros de julgamento, de ‘timings’, de gestão de processos e de procedimentos que permitiram um roubo, um assalto descarado feito aos clientes do BES/Novo Banco pela área comercial do ex-BES, hoje Novo Banco com o beneplácito tácito, imprudente e negligente das autoridades portuguesas", indicou Ricardo Ângelo em respostas ao Negócios.

 

Na sequência da divulgação do primeiro bloco de conclusões da auditoria forense levada a cabo pela Deloitte ao banco, o presidente da associação de lesados do papel comercial refere que uma das ideias que se pode retirar é que "também as autoridades de regulação e supervisão terão falhado redondamente em todo o processo".

 

Segundo o documento feito pela auditora, Ricardo Salgado terá liderado uma gestão que desobedeceu ao Banco de Portugal 21 vezes em sete meses, além de ter praticado quatro tipos de actos dolosos de gestão danosa. O BES terá usado a conta bancária destinada ao reembolso do papel comercial nas mãos de clientes de retalho para pagar a clientes do "private" (com rendimentos mais elevados) e ainda para pagar a clientes institucionais. Além disso, também saíram pagamentos para o Montepio e o BCP.

 

"[Há um] sentimento misto de espanto, revolta e repúdio pelo facto das nossas autoridades terem permitido que tal pudesse ter acontecido mesmo debaixo dos narizes deles e já depois de tudo o que aconteceu nos anos recentes com os casos do BCP, BPN e BPP", comenta Ricardo Ângelo nas respostas ao Negócios.

 

Da parte da associação destes investidores, estas indicações só "vêm reforçar e legitimar as sólidas, justas e legais expectativas que os clientes lesados do papel comercial têm vindo a reclamar". Neste momento, estão por liquidar 550 milhões de euros colocados em títulos de dívida de sociedades do Grupo Espírito Santo (ESI, Rioforte) que se encontram nas mãos de 2.508 clientes.

 

Apesar destas conclusões, quem verdadeiramente falhou em todo o processo, "legal e moralmente", foi quem permitiu esta venda. "E com certeza que não terá sido apenas o Dr. Ricardo Salgado. Uma coisa destas não é feita apenas por uma única pessoa, mas isso caberá à PJ e ao MP investigar e acusar", adianta Ricardo Ângelo. 

Ver comentários
Saber mais Ricardo Ângelo presidente da Associação Indignados e Enganados Papel Comercial Banco Espírito Santo Grupo Espírito Santo banca BES Novo Banco Ricardo Salgado Deloitte
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio