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Jorge Tomé: Berardo não queria que Caixa vendesse ações do BCP
O antigo administrador da CGD garante que o que Joe Berardo disse na comissão de inquérito "foi tudo conversa" e que o comendador não queria que a Caixa vendesse os títulos do BCP mais cedo.
Jorge Tomé, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD), garante que o comendador Joe Berardo não queria que o banco estatal vendesse as ações do BCP mais cedo para se evitar o agravamento das perdas. Para o gestor, "foi tudo conversa" do empresário madeirense na comissão parlamentar de inquérito à gestão da Caixa.
"O que Berardo disse aqui foi tudo conversa. O mutuário não queria vender" as ações, defende Jorge Tomé perante os deputados. E, de acordo com o gestor, esta venda não era possível.
"A execução tornou-se absolutamente impraticável", afirma o ex-administrador da CGD, isto porque não havia condições para esta execução, nem liquidez suficiente no mercado.
A garantia obtida através do acordo entre Berardo e os bancos – de ficarem com 75% dos títulos da Associação Coleção Berardo – acabou por "ser a melhor garantia que os bancos podiam ter" naquela altura. Isto porque a "arte tem um efeito contrário às outras classes de ativos". Ou seja, quando, por exemplo, as ações recuam, a arte tende a valorizar, e vice versa.
Na sua audição, o empresário madeirense recordou que os contratos de crédito tinham limites e que o banco deveria vender quando baixassem de determinado nível. Mas que foram as instituições financeiras que não cumpriram o mandato. Ou seja, que não venderam as ações do BCP dadas como garantia. "Por isso é que fiz a exigência nos meus contratos que a cobertura era de 105% e se descesse para 100% teriam que vender".
O empréstimo de 350 milhões concedido pela CGD a Berardo acabou por ser um dos mais ruinosos para o banco estatal. Além da Caixa, também o Novo Banco e o BCP avançaram com um processo em tribunal para tentarem recuperar as perdas provocadas pelos créditos do comendador.