"Tendo a PT SGPS, directa ou indirectamente, mais de 39% do capital da Oi e, sendo de longe o maior accionista da Oi, e continuará a sê-lo, porque é que a PT se mantém numa posição subalterna e humilhante perante os accionistas da Oi?".

Esta foi uma das reflexões que Henrique Granadeiro quis deixar na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES esta quarta-feira, 4 de Março. "Começou uma nova história da PT da qual já não faço parte que, apesar de tudo, me dá legitimidade para deixar reflexões", indicou o antigo gestor na sua intervenção inicial.

Além desta crítica, Granadeiro questionou como é que a PT SGPS, "que mantém o direito de veto no agendamento das matérias da assembleia-geral", permitiu o agendamento e, depois, a venda da PT Portugal pela Oi à Altice.

Para o economista, "a decisão de venda da PT Portugal elimina o racional estratégico do processo de fusão da PT/Oi". Daí que Granadeiro acredite que a operação permitiu à Oi libertar-se de passivo e afastar a "ameaça de potencial ‘default’ [incumprimento]".

Henrique Granadeiro declarou ainda que a queda da Rioforte, que levou consigo 897 milhões de euros investidos pela PT na sua dívida, afectou muito menos a situação financeira da Oi do que a sua própria actividade operacional. O antigo gestor avançou com dados da dívida da empresa brasileira para dar conta disso mesmo – era suposto, disse, que a dívida estivesse em 43 mil milhões de reais e os dados mostram que se encontra em 51 mil milhões. 

Granadeiro admitiu que, em relação à combinação de negócios entre a PT e a Oi, mudou de opinião e mostra-se agora contra.