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Governo valida bónus na CGD mas coloca responsabilidade na gestão de Macedo

Desde o ano passado que está previsto, no plano estratégico, o fim das restrições salariais aos trabalhadores da Caixa. A dimensão e o calendário cabem à gestão de Paulo Macedo. Os prémios deste ano vêm antes da discussão do novo acordo de empresa.

Os gabinetes do secretário de Estado Adjunto, Ricardo Mourinho Félix, e do ministro das Finanças, Mário Centeno, discutiram a atribuição de bónus aos trabalhadores da CGD com Bruxelas. Miguel Baltazar
29 de Agosto de 2018 às 08:37
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Lisboa e Bruxelas aceitaram a atribuição de bónus aos trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos, conforme o Público dá conta esta quarta-feira. Esse é, aliás, um dos pressupostos do plano estratégico que a gestão de Paulo Macedo está a implementar, que tem por trás aa capitalização por via de 3,9 mil milhões de euros estatais.

 

Questionado pelo Público sobre os prémios a trabalhadores que podem ir até 3 mil euros, o Ministério das Finanças responde que "a atribuição de bónus aos trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos foi discutida entre o Governo e a Comissão Europeia, encontrando-se prevista no plano estratégico da CGD".

 

Esse plano foi assinado no ano passado, e a palavra bónus aos trabalhadores surge como uma possibilidade na versão não confidencial. Lisboa validou este entendimento que não deveria haver restrições na CGD. Havendo espaço para prémios, a equipa de Paulo Macedo vai atribui-los no próximo mês. Foi o Público que adiantou, na semana passada, que esses prémios eram entre 500 e 3.000 euros para alguns funcionários, consoante a avaliação por mérito.

 

O Ministério tutelado por Mário Centeno respondeu ao Público que, pese embora tenha havido a discussão com a gestão, "cumpre à administração da CGD a implementação concreta desta medida".

 

O anúncio dos bónus deste ano chegou quando há tensão laboral na Caixa, depois de a equipa executiva ter decidido denunciar os quatro acordos de empresa assinados com os sindicatos (já houve até uma greve devido ao tema). A administração do banco público defende que não promoveu nenhuma coincidência entre os dois momentos, argumentando que foi neste período que terminaram as avaliações e que já no ano passado assim tinha sido.

 

A cúpula da CGD quer acabar com as promoções automáticas e obrigatórias para passar a haver apenas progressões por mérito (que permitem controlar mais facilmente os custos).  

 

Redução de custos com salários

Um dos quatro pilares iniciais do plano estratégico da CGD (que depois passaram a ser cinco) é o "ajustamento da infra-estrutura operacional (rede comercial, áreas centrais)" e o "investimento nos recursos humanos". Este plano, cuja negociação inicial esteve nas mãos do ex-presidente António Domingues, tem como pressuposto a ideia de que a Caixa opera em concorrência com os outros bancos (foi, também, o argumento para que os administradores da Caixa deixassem de ter os seus próprios salários limitados) e que o investimento feito pelo Estado seria também feito se o accionista fosse privado.

 

Nesse entendimento, os custos com pessoal na operação doméstica (custos com funcionários incluindo bónus, mas excluindo os custos com reestruturação) tinham de cair, em 2018, num intervalo entre os 450 e os 500 milhões de euros este ano, sendo que têm de ficar algures entre 400 e 450 milhões de euros em 2020, de acordo com os números acordados com a Comissão Europeia em 2017. Em 2015, este número encontrava-se num intervalo entre 500 e 550 milhões de euros.

Esta descida está enquadrada na redução dos custos operacionais do banco liderado por Paulo Macedo que, em 2020, não podem ultrapassar os 720 milhões de euros.


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