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FT: Recapitalização do Monte dei Paschi divide Comissão Europeia e BCE

O jornal britânico noticia que Bruxelas e Frankfurt estão divididos quanto ao plano de recapitalização do Banca Monte dei Paschi di Siena, citando uma fonte envolvida no processo que classifica a situação de "surreal".

O Monte dei Paschi, o banco mais antigo do mundo, também tem sentido a pressão devido à exposição a activos de risco. O banco procura novos investidores e parceiros para vender carteiras de crédito de menor qualidade de forma a aliviar o fardo que estes representam para o seu balanço. As acções descem 52,68% em 2016.
Bloomberg
23 de Fevereiro de 2017 às 14:39
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A há muito esperada recapitalização do Banca Monte dei Paschi di Siena poderá não estar para breve, o que se deve também às diferentes perspectivas da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE) relativamente ao futuro do banco italiano, o mais antigo do mundo ainda em actividade.

 

O jornal britânico Financial Times adianta esta quinta-feira, 23 de Fevereiro, que as divisões entre a Comissão Europeia e o BCE quanto ao plano de recapitalização do Monte dei Paschi persistem e poderão fazer prolongar o processo em suspenso desde Dezembro.

 

De um lado o Mecanismo Único de Supervisão, o braço de supervisão do BCE, que considera ser melhor esperar pela luz verde de Bruxelas ao plano de reestruturação da instituição financeira italiana. Já a Comissão, incumbida da responsabilidade de observar a concessão de ajudas estatais, aguarda que Frankfurt defina o plano da capitalização antes de finalizar os termos da reestruturação do banco. Ou seja, persiste um impasse.

 

A dividir as duas instituições europeias estão as propostas de resgate, desde o montante da ajuda estatal ao volume de perdas que os obrigacionistas terão de suportar, passando pela dimensão da reestruturação necessária a garantir a sustentabilidade financeira do banco.

 

A este propósito, o italiano Il Sole 24 Ore escreve que o BCE está apreensivo quanto à possibilidade de se avançar com um plano de reestruturação demasiado "suave", considerando que tal poderia colocar em causa as novas regras europeias que enquadram o "bail in" (que implica perdas para os obrigacionistas e depositantes).

 

A "recapitalização cautelar" de bancos solventes é permitida pelas regras comunitárias desde que estejam somente em causa necessidades de capital identificadas no cenário mais adverso dos testes de stress levados a cabo pelo BCE.

 

Além da discussão entre o recurso a um "bail out" – dificultado pelas regras europeias – e um "bail in", subsistem diferenças em relação às necessidades de capital do Monte dei Paschi.

 

Depois de em Dezembro o BCE ter rejeitado prolongar o período – um pedido feito pela administração do banco levando em linha de conta a crise política decorrente do referendo constitucional - para a concretização da recapitalização de 5 mil milhões de euros, o mecanismo de supervisão da instituição liderada por Mario Draghi defende agora que as necessidades de capital ascendem a 8,8 mil milhões de euros.

 

Questionada pelo Il Sole 24 Ore sobre este impasse, a Comissão Europeia assegurou que "estamos a trabalhar com as autoridades italianas e com o supervisor, seguindo as regras europeias".

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