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Francisco Bandeira: processo de decisão na CGD era "muitíssimo transparente"
O ex-vice-presidente da CGD considera que o relatório da EY a 16 anos de gestão é inconsistente, enviesado e faz referência a factos que não ocorreram.
Francisco Bandeira, ex-vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), garante que as decisões foram sempre tomadas de forma "bem informada" e "livres de interesse pessoal". E deixa críticas ao relatório da EY, que considera ser "inconsistente", "enviesado" e faz referência a "factos que não aconteceram".
"O processo de decisão na CGD era, do meu ponto de vista, bem informado, livre de interesse pessoal, usando critérios de racionalidade e seguindo as regras", afirma Francisco Bandeira na comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco estatal.
Este processo, explica ainda, "era assente em propostas bem elaboradas" e era "muitíssimo transparente" porque os créditos eram discutidos entre todos os responsáveis. E garante: o normativo, à época, foi seguido e respeitado por todos. "Nem podia ser de outra maneira", refere o ex-administrador.
Nesse sentido, aponta várias críticas ao relatório elaborado pela EY, que analisou a gestão da CGD entre 2000 e 2015 e concluiu que foram concedidos vários créditos de montantes elevados mesmo perante o parecer desfavorável da Direção de Risco ou na ausência de qualquer posição por parte desta entidade.
"Trata-se de um relatório inconsistente e pouco rigoroso", que "não identifica adequadamente as razões de fundo", afirma Bandeira, referindo-se à recessão económica profunda, debilidades da economia portuguesa e políticas económicas e sociais, assim como o fomento ao recurso a crédito bancário.
Por outro lado, diz, "é um relatório enviesado porque assenta numa amostra de créditos que não é minimamente representativa dos créditos da Caixa". E é um "relatório limitado", "pouco professional e tendencioso" porque não faz referência ao facto de o normativo interno ter sido cumprido, refere.
Além disso, é "descuidado". Isto porque diz terem sido detetados um conjunto de erros, nomeadamente "quatro situações a que se referem a factos que não são verdadeiros ou não ocorreram". Houve ainda seis situações nas quais foram apresentados alguns itens "que levam a conclusões irróneas".
Francisco Bandeira foi admitido na Caixa como diretor em 2000. Depois, em agosto de 2005, assumiu, a convite de Teixeira dos Santos, o cargo de administrador. Já no período entre 2008 e 2011 ocupou o cargo de vice-presidente do banco estatal.