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Félix Morgado de saída do Montepio. Falta saber como

Tanto na caixa económica como na mutualista se acredita que Félix Morgado vai sair do Montepio. A notícia surge quando o investimento da Santa Casa está próximo.

Miguel Baltazar/Negócios
Diogo Cavaleiro diogocavaleiro@negocios.pt 10 de Dezembro de 2017 às 18:05
José Félix Morgado está de saída do Montepio. A divergência com o líder da associação mutualista, António Tomás Correia, é o motivo apontado para a decisão. Contudo, ainda está por definir em que moldes tal irá acontecer.

O abandono da presidência por parte de Félix Morgado, que entrou em 2015 para substituir Tomás Correia na caixa económica, foi noticiada no fim-de-semana pela SIC Notícias, tendo depois havido notícias do Observador e do Eco a confirmar a informação. O Negócios sabe que a saída é um dado adquirido dado tanto por parte da accionista como da instituição financeira.

Oficialmente, a comunicação da caixa económica refere apenas que "José Félix Morgado não se vai demitir da Caixa Económica Montepio Geral". Ou seja, para sair, o gestor, que termina o mandato em 2018, exige ser afastado, o que dará direito, à partida, a receber a compensação pelo período não trabalhado. O conselho de administração executiva termina o mandato no final do próximo ano.

Do lado da assessoria de imprensa da mutualista, é dito que "a notícia foi recebida [...] com total surpresa". "A ser verdade, só responsabiliza quem a profere. A Montepio Geral - Associação Mutualista não fará qualquer outro comentário sobre este tema", acrescenta a mesma fonte oficial.

A separação entre Tomás Correia, que ficou exclusivamente na presidência da mutualista, e Félix Morgado não é nova, tendo conquistado novos contornos nos últimos meses. Isto numa altura em que se antecipa a conclusão do acordo com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que terá uma posição até 10% da caixa económica.

O recém-empossado provedor, Edmundo Martinho, tem mostrado vontade em ter uma palavra determinante na gestão da caixa económica caso o investimento se concretize. Ao Público, chegou mesmo a dizer que pretendia ter até dois administradores executivos. Ora, sendo assim, e mantendo-se Félix Morgado na presidência do conselho de administração executivo, teria de aceitar dois novos membros para a sua equipa.

O Eco adianta que, mesmo antes desta entrevista de Edmundo Martinho, Tomás Correia teria querido afastar dois dos gestores da caixa económica, facto não aceite por Félix Morgado. Uma informação que não foi possível confirmar.

Vindo da distribuidora de papel Inapa, Félix Morgado entrou em 2015 na caixa económica do Montepio. O ingresso ocorreu quando o Banco de Portugal, após o colapso do Banco Espírito Santo por conta da exposição ao Grupo Espírito Santo, temeu que algo do género acontecesse entre a caixa económica e a mutualista, o que conduziu ao afastamento entre ambas. Tomás Correia liderava as duas entidades, mas teve de deixar a instituição financeira. Ficou na mutualista que, agora, depois da passagem a sociedade anónima (facto desencadeado pelo regulador), ficou com 100% da caixa económica.

Têm sido anos turbulentos no Montepio. Aliás, em Junho, a agora vice-governadora do Banco de Portugal, Elisa Ferreira, afirmou que, após os progressos feitos na banca portuguesa, faltava ainda "estabilizar o Montepio". Depois disso, a mutualista injectou 250 milhões de euros na caixa, de modo a cumprir as exigências regulatórias enquanto decorriam conversações com a Santa Casa. Esta última mandatou o Haitong para auditar as contas da instituição financeira, de modo a avaliar o seu impacto. O processo deverá chegar a uma conclusão nas próximas semanas.
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