O Comité de Supervisão Bancária de Basileia divulgou esta terça-feira os dados da implementação do acordo de Basileia III, que pretende reforçar a capacidade dos bancos para enfrentar uma nova crise financeira. De acordo com o relatório, que contém dados de Julho de 2014, todos os grandes bancos internacionais já cumprem os critérios mínimos de capital de Basileia III. Mas, há ainda 4% dos bancos que, em Julho de 2014, não cumpria o rácio de cobertura de liquidez exigido desde o início de 2015. Para o objectivo final faltam 305 mil milhões de euros. 

O Comité, que está integrado no Bank for International Settlements, destaca uma leitura positiva dos dados recolhidos. Faltam 3,9 mil milhões de euros aos grandes bancos para atingirem o objectivo de um rácio de 7% do Common Equity Tier 1 (CET1), valor que compara com 15,1 mil milhões de euros em Dezembro de 2013 e 485,6 mil milhões de euros em Junho de 2013. O segundo grupo de bancos analisado no relatório, de menor dimensão, está a 1,8 mil milhões de euros deste objectivo, face aos 9,4 mil milhões de euros do período anterior. A média de rácio de capital CET1 está nos 10,8% para os maiores bancos e 11,8% no segundo grupo.

Mas, há ainda 4% dos bancos que não cumpre o rácio de cobertura de liquidez a 60%, objectivo já em vigor, e 20% dos bancos que não cumpre a 100% o rácio de cobertura de liquidez, que entra em vigor em 2019. Para cumprir os 60% do rácio, meta em vigor desde o início do ano, em Junho de 2014, faltavam 155 mil milhões de euros (menos de 0,3% do total de activos). Para o cumprimento a 100% dos requisitos mínimos do rácio de cobertura de liquidez agregado, faltam 305 milhões de euros. Ou seja, a diferença entre os activos líquidos de elevada qualidade e os "net cash outflows" (fluxo de caixa líquido) dos bancos que ainda não cumprem este requisito a 100% soma este montante. Este valor representa aproximadamente 0,5% do total de 58,6 biliões de euros de activos da amostra agregada.

No total do sector, o Comité de Basileia estima um excedente bruto de 1,670 biliões de euros, o que contrasta com este défice de 305 milhões, "uma vez que é assumido que o excesso de activos de um banco pode compensar o outro". "Na prática, a posição agregada na indústria deverá encontrar-se entre estes dois valores, dependendo da eficiência dos bancos em redistribuir liquidez no sistema", afirma o Comité no relatório.