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Eugénio Rosa teme "OPA de grupos económicos" sobre gestão da CGD

Há um domínio do BPI e do La Caixa na futura administração da CGD mas também de outros grupos económicos, segundo Eugénio Rosa. Ficam, por isso, dúvidas sobre o financiamento às PME. O PCP e o BE devem tomar uma posição, diz o economista.

Cátia Barbosa/Negócios
05 de Agosto de 2016 às 20:17
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Eugénio Rosa, que foi deputado do PCP, critica a administração que está a ser constituída para a Caixa Geral de Depósitos. Segundo um texto por si assinado, está em curso uma possível oferta pública de aquisição à gestão do banco público por parte de grandes grupos económicos. O que, segundo o economista, poderá colocar em causa o financiamento às pequenas e médias empresas (PME).

 

O título do estudo é uma pergunta: "OPA dos grupos económicos sobre a futura administração da CGD, com a conivência do Governo e a passividade dos partidos que o apoiam?". Uma questão feita com uma crítica atirada ao Bloco de Esquerda e ao Partido Comunista Português, partido de que foi deputado entre 2005 e 2009.

 

"Quem conheça a importância desta instituição financeira estratégica para o apoio às PME, que constituem mais de 97% do tecido empresarial nacional, para a promoção do crescimento económico e desenvolvimento do país, para a independência nacional em relação aos grandes grupos económicos e financeiros, e para a segurança das poupança dos portugueses, não pode deixar de ficar bastante preocupado", indica Eugénio Rosa.

 

O ponto de partida do economista que marca presença no gabinete de estudos da CGTP é a origem dos 19 membros do conselho de administração do banco público, ainda não oficial porque aguarda autorização vinda do Banco Central Europeu.

 
O domínio do BPI/La Caixa


"O domínio de homens que vêm do grupo BPI/La Caixabank (actualmente o La Caixabank já detém 44,8% do capital e lançou uma OPA sobre o BPI) para ocupar lugares executivos na futura administração da CGD é avassalador (6 em 7 administradores executivos)", diz, referindo-se a António Domingues, que vai ocupar o lugar de José de Matos, mas também a Emídio Pinheiro e João Tudela Martins, entre outros. 

 

Mas a grande preocupação de Eugénio Rosa, que também ataca a ausência de continuidade na gestão, não se fica por aqui. "Vão ocupar lugares na futura administração da CGD mantendo as funções que têm nos actuais grupos económicos (Sonae [Ângelo Paupério], Unicer [Rui Ferreira], Porto Bay [Bernardo Trindade], Renova [Paulo Pereira da Silva], Sogrape [Fernando Guedes], Fundação Champalimaud [Leonor Beleza])", concretiza o economista, acrescentando que são administradores de empresas que têm negócios com o banco público. "Vários deles nem têm experiencia bancária", continua.

 

O Económico já avançou que o Banco Central Europeu está a analisar a possibilidade de conflitos de interesse, o que, para Eugénio Rosa, é "evidente e real", embora admita que o Regime Jurídico das Instituições de Crédito e das Sociedades Financeiras não o configure como tal (sobre os "membros do conselho de administração que não sejam executivos, nem pertençam à comissão de auditoria nem a sociedades por eles dominados, as empresas a que pertençam podem ter negócios com a CGD").

O aviso ao PCP e BE

 

Concluindo esta questão, o economista comunista pede uma posição tanto ao Bloco como ao PCP, parceiros no Parlamento que sustentam o Governo socialista.

 

"Quem defende o controlo público das empresas estratégicas e, nomeadamente, da banca não pode ficar nem passivo nem alhear-se daquilo que, segundo o Expresso e o Económico Digital, se está a passar na CGD, pois esta é vital para apoio às PME, para o desenvolvimento do país e para a independência nacional. Não se pode em palavras defender uma coisa e, em actos, nada fazer", atira. 

Aliás, sobre o aspecto político, Eugénio Rosa também sublinha que Leonor Beleza "fez o discurso de homenagem a Cavaco Silva em Julho de 2016" e que Rui Vilar, também convidado para regressar ao banco, "fez o discurso de homenagem a Mário Soares em Julho 2016". 



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