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Esquerda quer nacionalizar Novo Banco. Mas será que falam todos da mesma coisa?
O processo de venda do Novo Banco ainda decorre, mas a hipótese de nacionalização ganha força entre os partidos que apoiam o Governo. Porém, PS, Bloco e PCP defendem formas diferentes para o fazer.
"A questão aqui não é saber se a nacionalização é definitiva ou temporária", disse o porta-voz do PS, João Galamba, no Fórum da TSF que esta manhã discutiu a possibilidade de o Novo Banco ser nacionalizado.
"O que é importante é dizer que é uma nacionalização", acrescenta o deputado socialista, que nos últimos dias tem defendido activamente que esta venda não aconteça e que o banco fique na esfera pública. "Vender ou não vender é uma discussão independente", explica na TSF, adiantando ser necessário "retirar o estatuto de banco transitório".
O objectivo é "ganhar tempo" para resolver problemas do Novo Banco que são comuns ao sistema financeiro e que passam pelo crédito malparado e definir uma estratégia para valorizar este activo, argumenta o socialista.
No entanto, para o Bloco e PCP a nacionalização que assumem é para sempre. No mesmo programa da TSF, Mariana Mortágua questionou a vantagem de nacionalizar o Novo Banco para mantê-lo por dois ou três anos para depois o vender.
A deputada do Bloco defendeu que o Novo Banco deve ficar nas mãos do Estado mas de forma separada face à Caixa Geral de Depósitos (CGD).
"Temos a Caixa e temos o Novo Banco que tem um perfil diferente mais virado para as empresas", afirmou, acrescentando que "há interesse para o Estado em manter os dois de forma separada". Por uma questão de "interesse público".
Miguel Tiago, deputado comunista, alinha pelo mesmo argumento. O Novo Banco "devia passar a ser um banco público" e "não é só" por uma questão contabilística, frisou. O deputado comunista acrescenta motivos "políticos" para garantir o financiamento da economia.
"No início do próximo mês será debatido e votado no Parlamento o projecto do PCP" que recomenda ao Governo a nacionalização do Novo Banco. O objectivo é que o Novo Banco ajude a financiar a economia de forma "autónoma" face à Caixa. "Não é para ser um departamento da Caixa", frisa.
Parlamento debate nacionalização no início de Fevereiro
Questionado sobre se o PCP admite deixar cair a ideia de ser uma nacionalização definitiva para ter os votos do PS, o deputado comunista destaca que a palavra definitivo não está no diploma, apesar de ser essa a ideia.
"Se houver uma nacionalização temporária estamos a falar de prolongar a actual situação", diz, acrescentando que será fazer o mesmo que foi feito com o BPN, nacionalizado em 2008, no âmbito da crise financeira mundial.
"Se aplicarmos essa estratégia ao NB estamos a aplicar uma falsa nacionalização", defende, argumentado que uma venda mais tarde será sempre por uma "bagatela face ao que estado lá pôs". Em 2014, o Governo de Passos Coelho criou o Novo Banco como banco transição, depois do fim do BES. O Fundo de Resolução injectou no Novo Banco 4,9 mil milhões de euros.
Segundo Miguel Tiago, se é para nacionalizar para depois vender a privados o banco já com os problemas resolvidos não. "Tanto quanto me lembro [o projecto de resolução] não tem a palavra definitivo mas é nesta perspectiva que foi apresentado." Este projecto foi entregue em Fevereiro de 2016, mas só um ano depois vai ser debatido e votado. Essa discussão ainda não tem data marcada.
O porta-voz do PS não quis assumir posição sobre o projecto do PCP, dizendo que o assunto ainda não foi decidido na bancada parlamentar socialista.
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