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Elisa Ferreira: "Bancos continuam a ser europeus em vida, mas nacionais na morte"
A vice-governadora do Banco de Portugal afirma que as decisões de supervisão e resolução continuam a ser sobretudo europeus, enquanto a estabilidade financeira fica nas mãos das autoridades nacionais.
Elisa Ferreira, vice-governadora do Banco de Portugal, considera que a vontade de concluir a União Bancária, com a criação do terceiro pilar, "perdeu força". Mas que esta conclusão é necessária numa altura em que os bancos não podem ser apenas europeus "em vida", mas também quando são alvo de medidas de resolução.
"Os bancos continuam a ser europeus em vida, mas nacionais na morte", afirmou Elisa Ferreira na conferência anual do Centro de Investigação, Regulação e Supervisão Financeira, que se realizou esta quinta-feira, 4 de julho, em Lisboa. Isto porque as "decisões de supervisão e resolução são sobretudo europeias, enquanto o último garante de estabilidade financeira continua a ser nacional".
A responsável reconhece que "fizemos muitos progressos na criação dos dois primeiros pilares da União Bancária". Contudo, a "vontade política de completar" a União Bancária "perdeu força, tal como foi sublinhado pelo último Eurogrupo", referiu a vice-governador do Banco de Portugal, notando que "à medida que as condições económicas melhoraram, criou-se uma falsa sensação de segurança quando ainda estamos a meio do caminho".
"Numa altura em que os modelos de negócio dos bancos continuam a ter dificuldades em gerar níveis adequados de rentabilidade no atual cenário macroeconómico, também caracterizado por taxas de juro baixas, e para se adaptar ao progresso tecnológico e às exigências dos clientes digitais, a União Bancária por completar agrava os desafios existentes", notou ainda Elisa Ferreira.
E concluiu: "Enquanto esperamos pela conclusão da União Bancária, alguns dos elementos mais disruptivos têm de ser resolvidos para minimizar os riscos para a estabilidade financeira".
Na mesma conferência, Gabriela Figueiredo Dias, presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, lamentou que o projeto da união dos mercados de capitais tenha dado ainda apenas "passos tímidos", desafiando as novas lideranças europeias para este tema.