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Constâncio: Aumento da exposição do BES a Angola "devia ter sido travado"
O antigo governador do Banco de Portugal diz que só a partir de 2010, quando já não estava em funções (mas sim Carlos Costa), é que se registou um salto significativo na exposição do BES ao BESA.
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Vítor Constâncio afirma que só depois de 2010, quando já não era governador do Banco de Portugal (mas sim Carlos Costa), é que se registou um salto na exposição do Banco Espírito Santo (BES) ao BES Angola (BESA). E considera que esse risco "devia ter sido travado" pelo regulador.
O antigo governador do Banco de Portugal está a ser ouvido no Parlamento, esta sexta-feira, 11 de junho, no âmbito da comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco.
"Só posteriormente, e sobretudo a partir de 2010, houve um salto na exposição do grupo ao BESA", disse Vítor Constâncio. Ou seja, quando já não era governador do Banco de Portugal, mas sim Carlos Costa.
O problema, referiu, foi a "explosão da carteira de crédito do BESA", que cresceu de 3,7 mil milhões em 2011 para 6,1 mil milhões em 2013.
Apesar de esta questão só se ter colocado após a sua saída do Banco de Portugal, disse lamentar não ter sido informado enquanto era governador. "O meu conhecimento da situação de Angola leva-me a dizer que lamento que não me tinha sido chamado a atenção do crescimento da exposição do BES ao BESA", referiu.
BdP usou "persuasão moral" na exposição BES/GES
Já sobre a exposição do BES às empresas não financeiras do Grupo Espírito Santo, diz nunca ter sido alertado para problemas neste campo. E garantiu que o Banco de Portugal atuou neste caso.
"Em janeiro de 2009, indo além do que estava na lei e usando a persuasão moral, o Banco de Portugal escreveu uma carta à Espírito Santo Financial Group [ESFG], estabelecendo e solicitando um plano de redução das exposições [à parte não financeira] com vista a assegurar inexistência de qualquer excesso até final de 2012", disse aos deputados.
O responsável frisou ainda que, apesar de ser governador, não conhecia todas as decisões de supervisão, pois havia um vice-governador que tinha esse pelouro.
Ainda assim, garantiu, "não estive alheio aos problemas da supervisão, embora não tivesse a responsabilidade quotidiana nem a informação regular que o vice-governador tinha".
Esta tarde, os deputados irão ainda ouvir Ricardo Mourinho Félix, ex-secretário de Estado Adjunto e das Finanças.
(Notícia atualizada com mais informação.)