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Constâncio: Aumento da exposição do BES a Angola "devia ter sido travado"

O antigo governador do Banco de Portugal diz que só a partir de 2010, quando já não estava em funções (mas sim Carlos Costa), é que se registou um salto significativo na exposição do BES ao BESA.

Miguel A. Lopes / Lusa
11 de Junho de 2021 às 11:38
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Vítor Constâncio afirma que só depois de 2010, quando já não era governador do Banco de Portugal (mas sim Carlos Costa), é que se registou um salto na exposição do Banco Espírito Santo (BES) ao BES Angola (BESA). E considera que esse risco "devia ter sido travado" pelo regulador. 

O antigo governador do Banco de Portugal está a ser ouvido no Parlamento, esta sexta-feira, 11 de junho, no âmbito da comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco.

Antes de 2010, já havia um aumento da exposição do BES ao BESA. No entanto, Vítor Constâncio afirma que isto não despertou preocupação no Banco de Portugal, uma vez que a instituição financeira investia sobretudo em dívida pública angolana. 

"Só posteriormente, e sobretudo a partir de 2010, houve um salto na exposição do grupo ao BESA", disse Vítor Constâncio. Ou seja, quando já não era governador do Banco de Portugal, mas sim Carlos Costa. 

O problema, referiu, foi a "explosão da carteira de crédito do BESA", que cresceu de 3,7 mil milhões em 2011 para 6,1 mil milhões em 2013. 

Apesar de esta questão só se ter colocado após a sua saída do Banco de Portugal, disse lamentar não ter sido informado enquanto era governador. "O meu conhecimento da situação de Angola leva-me a dizer que lamento que não me tinha sido chamado a atenção do crescimento da exposição do BES ao BESA", referiu.

BdP usou "persuasão moral" na exposição BES/GES
Já sobre a exposição do BES às empresas não financeiras do Grupo Espírito Santo, diz nunca ter sido alertado para problemas neste campo. E garantiu que o Banco de Portugal atuou neste caso. 

"Em janeiro de 2009, indo além do que estava na lei e usando a persuasão moral, o Banco de Portugal escreveu uma carta à Espírito Santo Financial Group [ESFG], estabelecendo e solicitando um plano de redução das exposições [à parte não financeira] com vista a assegurar inexistência de qualquer excesso até final de 2012", disse aos deputados. 

O responsável frisou ainda que, apesar de ser governador, não conhecia todas as decisões de supervisão, pois havia um vice-governador que tinha esse pelouro.

Ainda assim, garantiu, "não estive alheio aos problemas da supervisão, embora não tivesse a responsabilidade quotidiana nem a informação regular que o vice-governador tinha".


Esta tarde, os deputados irão ainda ouvir Ricardo Mourinho Félix, ex-secretário de Estado Adjunto e das Finanças. 

(Notícia atualizada com mais informação.)

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