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Carlos Costa garantiu que linha da troika estava disponível para o BES, diz José Honório

O antigo vice-presidente do Banco Espírito Santo diz que foi, assim como a restante equipa, surpreendido pelo anúncio do Banco de Portugal de que o banco ia ser alvo de uma medida de resolução.

24 de Março de 2021 às 16:19
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Carlos Costa, ex-governador do Banco de Portugal, garantiu que a linha de recapitalização da troika estaria disponível, caso fosse necessário no Banco Espírito Santo (BES). A revelação foi feita por José Honório, antigo vice-presidente do BES e ex-administrador do Novo Banco, esta quarta-feira, no Parlamento. O banco acabou por ser alvo de uma resolução. Sobre a garantia de Angola no BESA, o gestor diz ter estranhado não ter havido nenhuma intervenção política.

O gestor está a ser ouvido pelos deputados, esta quarta-feira, 24 de março, no âmbito da Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.

José Honório afirmou que, no momento em que foi convidado por Carlos Costa para assumir o cargo de vice-presidente do BES, em julho de 2014, questionou como estava o banco. 

O governador disse "que o banco estava bem, que tinha uma almofada de capital", refere, adiantando que questionou sobre a possibilidade de haver "algum factor superveniente" que tivesse impacto no banco. Foi aí que lhe foi dito por Carlos Costa que "não esteja preocupado porque aí temos a linha de recapitalização pública do Estado". 

Foi com base nesta garantia e na "confiança pessoal que tinha em Vítor Bento e com base no respeito que me merecia o governador" que aceitou o cargo. 

O BES acabou, no entanto, por ser alvo de uma medida de resolução em agosto de 2014. Um anúncio que surpreendeu José Honório, mas também Vítor Bento, então presidente, e João Moreira Rato, ex-administrador financeiro, tal como já foi relatado pelos dois responsáveis no âmbito da mesma iniciativa parlamentar. 

Quando José Honório confrontou Carlos Costa sobre a linha pública, o governador "disse que era uma decisão política".

Resolução do BES surpreendeu
"Para mim e para os meus colegas era um facto completamente novo", isto porque, até então, "todos os comunicados do Banco de Portugal falavam sempre que estava disponível a linha de recapitalização" da troika para socorrer o sistema financeiro nacional. 

A equipa acabou por sair pouco tempo depois devido a um "cúmulo de situações", como foi afirmado por Vítor Bento, na terça-feira, nomeadamente a insuficiência de capital no arranque do Novo Banco, uma instituição que tinha um estatuto de banco de transição e cuja marca tinha de ser reconstruída. 

Era um "morto vivo numa unidade de cuidados intensivos", com a gestão a "empurrar uma maca, mas onde faltavam os equipamentos", descreveu José Honório, notando que "o banco nao tinha futuro como estava".

Garantia de Angola devia ter tido intervenção política
Outro dos temas que tem estado em cima da mesa é a garantia soberana de Angola para cobrir riscos no balanço do BESA, que acabou por ser retirada. 

De acordo com José Honório, "o tema da garantia só começou a ser tema de conversa quando as questões começaram a surgir", referindo que "a nós nunca nos foi dito que a garantia não era ilegível". 

"A minha preocupação era a exposição do BES ao BESA, ainda para mais quando estávamos com um problema de liquidez muito grande", referiu o gestor.

Nesse sentido, disse, "faz-me imensa impressão que um tema desta dimensão não tinha tido tratamento político", ou seja, uma intervenção do Governo. 

(Notícia atualizada.)
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