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Ex-diretor do BES: Departamento de risco não podia travar créditos, apenas reportar

Carlos Calvário, ex-diretor do Banco Espírito Santo, afirma que alguns créditos do BES, que acabaram por se revelar ruinosos, tinham "péssimo rating" ou nem o tinham.

O BES foi dividido em 2014 em Novo Banco e BES “mau”, estando este último em liquidação.
João Carlos Santos
06 de Abril de 2021 às 18:28
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Carlos Calvário, ex-diretor do Banco Espírito Santo (BES), afirma que não cabia ao departamento de risco travar a concessão de créditos. Devia reportá-los à administração e podia emitir pareceres e "ratings". Nalguns casos, nomeadamente em empréstimos que acabaram por se revelar ruinosos, os "ratings" eram "péssimos" ou não existiam, referiu. 

As declarações foram feitas esta terça-feira, 6 de abril, no âmbito da comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco. Isto no mesmo dia em que Carlos Moedas, ex-secretário de Estado Adjunto foi também ouvido pelos deputados, durante a manhã. 

"O diretor do departamento de risco global não tem que impor travões" aos créditos, mas sim "que os reportar", disse Carlos Calvário quando questionado pelo deputado do PS Miguel Matos. 

De acordo com o ex-diretor do BES, o departamento "podia e devia emitir 'ratings' e pareceres sobre as operações que lhe eram colocadas". Contudo, a decisão sobre a concessão dos créditos era da responsabilidade do comité financeiro e de crédito, comissão executiva e conselho de adminstração, disse. 

O responsável referiu ainda que "a comissão executiva podia aprovar créditos com mau rating ou créditos sem rating".

Créditos com "péssimos ratings"

"Alguns dos nomes [a quem foram atribuídos créditos] tinham péssimos ratings", que devem ter sido atribuídos após a concessão desses empréstimos, ou "nem tinham", notou Carlos Calvário quando questionado pela deputada do PSD Mónica Quintela sobre as exposições referidas na auditoria da EY aos grandes devedores do BES.

Em causa estão créditos a empresas como a Ongoing ou a Promovalor, de Luís Filipe Vieira. 

Créditos que, disse, "certamente não foram aprovados nos balcões", mas sim "num nível máximo".

(Notícia atualizada.)
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