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Centeno: NB "não era um banco bom" quando foi criado e "foi preciso fazer dele um bom banco"
Mário Centeno, antigo ministro das Finanças e atual governador do Banco de Portugal, afirma que a "incompetência encontrou o dolo e a prática de atos de gestão ruinosa" no BES.
"A esmagadora maioria das questões levantadas nesta CPI [comissão parlamentar de inquérito] dizem respeito ao BES. Tiveram a sua origem no BES e não no NB. Devemos ter isso sempre presente", começou por dizer Centeno numa intervenção inicial, na CPI ao Novo Banco.
"Em 2014, foi resolvido o terceiro maior banco nacional. Como disse, esta resolução resultou apenas e só das ações e omissões dos sucessivos conselhos de administração do BES. Também aqui não houve azar", referiu.
De acordo com o atual governador do Banco de Portugal, a "venda do NB resulta de um imperativo legal, foi a forma encontrada, difícil, com riscos para o Fundo de Resolução, no quadro do funcionamento de um mecanismo contingente de capital.
Este mecanismo evitou que o seu limite de atuação, 3.890 milhões de euros, fossem registados imediatamente nas contas públicas em 2017. Porque não se trata de uma garantia".
Este mecanismo, disse, "permitiu uma monitorização apertada e eficaz dos processos de gestão dos ativos que nele estão incluídos. Permite que estes riscos se diluam ao longo do tempo e desde 2018 nos tenhamos confrontado com o seu valor e com uma realidade: o Novo Banco era novo, mas herdeiro de velhos problemas e com muitos e complexos desafios pela sua frente. Não era um banco bom".
"Foi preciso fazer dele um bom banco. E a sua reestruturação termina este ano. Atestada pela Comissão Europeia. Assim as instituições portuguesas o permitam", referiu ainda.
O processo do Novo Banco "é penoso socialmente, politicamente, financeiramente, em termos de todo o processo que envolve o sistema bancário, e portanto é uma lição que todos temos que aprender", disse.
Esta manhã foi a vez de os deputados ouvirem Luís Máximo dos Santos, presidente do Fundo de Resolução, entidade que detém 25% do capital do banco liderado por António Ramalho. O CEO do Novo Banco irá amanhã, quarta-feira, ao Parlamento.
(Notícia atualizada.)