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Centeno: "Mantemos o hábito de reescrever a história com os dados censurados"

Sem referir o nome do antecessor, o governador do Banco de Portugal deixa novo recado a Carlos Costa. Centeno destaca a evolução do sistema bancário nos últimos anos e pede um aumento das taxas de juro dos depósitos.

Mário Centeno
Mário Centeno no encontro "Banca do Futuro" organizado pelo Negócios João Cortesão
16 de Novembro de 2022 às 10:08
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É mais uma troca de acusações entre o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, e o antecessor, Carlos Costa.

No encontro "Banca do Futuro" organizado pelo Negócios, o líder do supervisor afirmou que o país mantém o "velho hábito de reescrever a história com os dados censurados". E acrescentou que "na verdade vos digo que parece que gostamos muito disso".

As palavras do governador surgem depois do antecessor ter afirmando que as acusações que fez ao primeiro ministro António Costa e ao atual líder do supervisor bancário e antigo ministro das Finanças serviram para defender o respeito pela instituição Banco de Portugal, o que por sua vez já era uma resposta a Centeno, que pediu "respeito pelas instituições".

Na terça-feira, Carlos Costa reafirmou as acusações ao chefe de governo, dizendo que António Costa tentou pressioná-lo no momento em que em 2015 tentou afastar Isabel dos Santos do Banco Bic.

"Inflação prolongada trará inevitável recessão"

Admitindo que "o quadro macroeconómico está cheio de incertezas", com a invasão da Ucrânia e a dependência energética da Europa, Centeno avisou que "um cenário prolongado de inflação trará incerteza perda de confiança dos agentes económicos e uma inevitável recessão", e por isso, "a inação não é uma opção".

Os bancos, no entanto, "têm futuro".

O sistema bancário português "está hoje muito diferente", assinalou, lembrando que "no final de 2015, 75% dos depósitos da banca portuguesa estavam em instituições com o futuro comprometido", e "não há sociedade que consiga sobreviver neste ambiente".

Desde então, o sistema "limpou os 17% de crédito malparado que a banca tinha e atraiu capital dos quatros cantos do mundo".

"A posição do sistema bancário português é mais similar à dos pares europeus do que há poucos anos atrás", sendo "tributária da solução encontrada para as sete pragas do sistema bancário de 2015", afirmou.

O governador destacou os indicadores de rendibilidade, liquidez, rácio de transformação e rácio de capital do sistema, que "estão ao mesmo nível ou são mesmo superiores aos da média do conjunto de bancos do mecanismo único europeu". 

"Deixámos de pagar os prémios de juro que pagávamos e a dívida pública e privada caiu", destacou, afirmando que "entre famílias e empresas são menos 70 mil milhões de euros na última década".

Juros dos depósitos têm de subir

Centeno apelou a uma subida das taxas de juro praticadas nos depósitos bancários, que ainda não reagiram à subida das taxas diretoras do Banco Central Europeu.

"O reflexo das subidas das taxas de juro deve fazer-se sentir nas que são pagas pelos depósitos para que a poupança passe a ter outro significado", afirmou, alertando que "não podemos ficar indiferentes" à normalização da política monetária que "provocou um aumento das taxas de juro de uma magnitude considerável".

"A banca não vive dissociada do pais e do mercado que é suposto servir", afirmou o governador. O sistema financeiro "ultrapassou obstáculos com a ajuda do país, tal como nos últimos dois anos o país ultrapassou desafios com a ajuda da banca".

Centeno realça que em 2022 "o contributo do Fundo de Resolução para as contas públicas ascende a um valor positivo pela primeira vez de cerca de 260 milhões de euros".

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