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CDS: Nova comissão de inquérito à CGD "não será só sobre o Banco de Portugal"
Os partidos preparam-se para aprovar amanhã a criação de uma nova comissão de inquérito à gestão da CGD. O CDS deixa a garantia de que a iniciativa não se vai focar "só" no governador do Banco de Portugal, que tem sido alvo de críticas nos últimos dias.
Da esquerda à direita, os partidos estão determinados a avançar com a criação de uma nova comissão de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos (CGD), com a votação agendada para esta sexta-feira. Mas o CDS garante que não vai permitir que esta comissão, a terceira nesta legislatura, se foque unicamente no Banco de Portugal, numa altura em que sobem de tom as críticas ao governador do banco central.
Foi durante o plenário desta quinta-feira, no qual foi discutida a hipótese de uma nova comissão ao banco estatal, que João Almeida afirmou que esta iniciativa "permitirá terminar um trabalho que podia ter ficado concluído há dois anos", notando que ainda "estamos a tempo, lidando com dados novos, de exirgirmos as responsabilidade a todos".
Porém, o deputado do CDS garante que esta não será "uma comissão só sobre o Banco de Portugal", algo que, diz João Almeida, "seria muito útil para muitos administradores da CGD" para se "esconderem atrás".
O CDS afirmou recentemente que Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, deve ser o primeiro a ser ouvido na nova comissão de inquérito e que, na sequência dessa audição, devem ser "retiradas consequências e os partidos façam a sua avaliação sobre as condições que o governador terá ou não para se manter no cargo".
Da parte do PSD, Duarte Pacheco afirmou que o consenso alcançado entre os vários partidos para uma terceira comissão "é natural", porque a informação que veio a público "é uma verdadeira vergonha". O deputado referiu ainda que a última comissão foi "boicotada" e encerrada "à pressão". "Queremos pensar que isto é algo do passado. Que a força dos acontecimentos vos leva a ter uma postura diferente", acrescentou, referindo-se ao PS e aos partidos que o apoiam. "Que nada fique por apurar. Não vamos aceitar bloqueios".
A polémica em torno de Carlos Costa ganhou dimensão depois de o governador ter pedido escusa nas decisões do Banco de Portugal sobre a auditoria à gestão da CGD. Isto depois de a revista Sábado ter divulgado atas que revelam que o responsável tinha participado, quando foi administrador da CGD, em reuniões que aprovaram créditos problemáticos.
Também o Jornal Económico avançou que a idoneidade de Carlos Costa não ia ser avaliada por ser atualmente governador do banco central.
Neste sentido, o Bloco de Esquerda, PCP e CDS acabaram por pedir a exoneração do governador, enquanto PS e PSD preferem não tirar já conclusões e aguardar pelo início nova comissão sobre a gestão da CGD.
Na sessão desta quinta-feira, Mariana Mortágua, deputado bloquista, voltou a dizer que no dia em que se ficou a saber que a idoneidade do governador não ia ser avaliada "foi criado um conflito de interesse" e que se a "única forma de avaliar é deixando de ser governador, então deixe de o ser".
Já o PCP considerou desnecessária uma nova comissão de inquérito ao banco público, mas assegurou não ir opor-se à sua constituição, abstendo-se, sem apresentar propostas de alteração ao objeto dos trabalhos.