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Rio: Carlos Costa "deve sair pelo próprio pé" se não preenche os critérios de idoneidade
O presidente do PSD não pede a exoneração do governador do Banco de Portugal, optando por colocar o ónus da decisão no próprio Carlos Costa. Rui Rio considera que o antigo administrador da CGD "deve sair pelo próprio pé" se participou nas decisões que representaram operações ruinosas para o banco público.
"O dr. Carlos Costa sabe exatamente o que fez quando foi administrador da CGD. Sabe se aprovou ou desaprovou, se participou ou não participou nas reuniões que vieram a dar créditos absolutamente ruinosos para a CGD e os portugueses. Ele sabe o que fez, nós podemos não saber", começou por dizer o líder social-democrata à saída de uma reunião com os sindicatos dos professores.
Aqui chegado, o presidente do PSD considera que há dois caminhos possíveis. Se o governador do BdP "estiver de consciência absolutamente tranquila, deve continuar" à frente do banco central. Porém, "se tem consciência de que participou naquelas decisões ruinosas, deve sair pelo próprio pé". Se participou nessas decisões, é "insustentável" prosseguir na função de governador, mas se "estiver com a consciência completamente tranquila" deve "ficar no lugar.
Considerando que a polémica em torno da continuidade ou exoneração de Carlos Costa "não é boa", Rio defende que o "pior que pode acontecer é [Carlos Costa] não fazer nada" para depois se descobrir em sede de comissão parlamentar de inquérito (CPI) à gestão da CGD que afinal o governador participou nas decisões que "deram créditos para comprar ações da Cimpor e do BCP".
A declaração do presidente do PSD surge na véspera de o Parlamento debater a criação de uma nova CPI para avaliar as decisões tomadas pelas administrações da CGD entre 2000 e 2015.
O antigo autarca portuense deu assim um passo em frente face à posição ontem assumida pelo deputado Leitão Amaro. O parlamentar social-democrata classificou de "mau serviço" o pedido de exoneração feito pelo Bloco de Esquerda, embora frisando que para o PSD "não há intocáveis e todos estão sujeitos a escrutínio e serão responsabilizados nos termos que venham a ser apurados pela comissão de inquérito".
Agora, em vez de optar por esperar pelas conclusões da CPI, Rio coloca o ónus no próprio Carlos Costa, que deve avaliar se preenche ou não os requisitos necessários para continuar à frente do BdP.
A justificar este debate está o alegado envolvimento de Costa nos créditos concedidos pela Caixa quando este era administrador do banco público (2004-2006). Note-se que o governador já garantiu que enquanto administrador da CGD não tinha quaisquer responsabilidade nas "áreas de crédito, risco, acompanhamento de clientes ou de controlo e auditoria interna", tutelando somente os setores de marketing e internacional do banco.
(Notícia atualizada pela última vez às 18:09)