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BPI em "conversações" com Isabel dos Santos sobre BFA
Fernando Ulrich revelou esta quarta-feira que sobre a separação dos activos africanos "estamos a trabalhar para alcançar os objectivos que penso que são comuns a todos".
"Estamos em conversações com a Unitel", revelou Fernando Ulrich esta quarta-feira na conferência de imprensa de apresentação de resultados, referindo-se à intenção de fazer a cisão dos activos africanos, onde se destaca o angolano BFA.
Em causa está o parceiro angolano do BPI, controlado por Isabel dos santos. O líder do banco português adiantou que há "conversações e trabalho para obter todas as autorizações necessárias". Além da Unitel, é indispensável o apoio dos supervisores de Angola, Moçambique, Portugal e do BCE.
O BPI estará já a trabalhar nos detalhes jurídicos da cisão que, para poder avançar, tem de ser aprovada em assembleia-geral e por isso contar com o apoio de Isabel dos Santos, que controla 18,6% do capital do banco português.
A reunião será uma prova de fogo para o divórcio entre o banco e os activos africanos – 50,1% do angolano BFA, 30% do moçambicano BCI e 100% do BPI Moçambique –, uma vez que a empresária angolana já deu sinais de que pode vetar a operação, que classificou de "precipitada". Isabel dos Santos prefere comprar 10% do BFA, o que permitiria ao BPI baixar a sua posição para 40%.
Na conferência de imprensa desta quarta-feira, Ulrich recusou comentar a posição de Isabel dos Santos, mas revelou "não ter sido dirigida qualquer proposta relativamente ao BFA". O banqueiro disse esperar que a assembleia-geral para aprovar a operação tenha lugar antes do final de 2015. "Estamos a trabalhar para alcançar os objectivos que penso que são comuns a todos", assinalou Ulrich.
O presidente do BPI salientou que a holding africana "será um veículo cotado que permite exposição a activos bancários africanos. É um excelente veículo para os fundos internacionais especializados no investimento em África e que podem olhar para este veículo com mais interesse do que para o BPI, por não haver a parte doméstica".
O banqueiro não teme que a crise em Angola penalize a aprovação da cisão dos activos africanos. "Os investidores olham mais para as perspectivas de Angola a médio e logo prazo do que para este trimestre", afirmou.