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BPI sobe mais de 7% após oferta de Isabel dos Santos
A proposta da Unitel avalia o BFA em 1,4 mil milhões de euros. Em Março o BPI avaliou o banco angolano entre 2 mil milhões de euros e 2,8 mil milhões de euros.
As acções do BPI estão a reagir em alta à oferta efectuada pela Unitel sobre uma posição de 10% do capital do banco angolano Banco Fomento de Angola (BFA). Numa sessão de forte queda nos mercados accionistas mundiais, os títulos do banco liderado por Fernando Ulrich valorizam 5,87% para 1,155 euros. As acções têm vindo a acentuar a tendência de alta ao longo da manhã e já estiveram a subir 7,61% para 1,174 euros.
Esta forte subida acontece depois de este domingo, 3 de Janeiro, o BPI ter revelado na CMVM uma carta que recebeu da Unitel, onde a empresa que tem Isabel dos Santos como accionista volta a rejeitar a proposta de cisão dos activos africanos do banco e coloca em cima da mesa, como alternativa, uma proposta firme de aquisição de 10% do BFA. A concretizar-se esta operação, o BPI reduziria a sua posição na instituição financeira angolana para 40,1% e a maioria do capital passaria para as mãos da Unitel.
A proposta de 140 milhões de euros avalia o BFA em 1,4 mil milhões de euros e a posição de 50,1% do BPI no banco em 700 milhões de euros. Um valor que representa quase metade da capitalização bolsista actual do banco liderado por Fernando Ulrich, que está nos 1,69 mil milhões de euros.
"O BPI negoceia em total contraciclo com o mercado, está a ser uma notícia bem recebida pelos investidores. O potencial encaixe de 140 milhões de euros já é considerável para um banco como o BPI", disse à Reuters Paulo Rosa, operador da GoBulling no Porto.
No relatório diário desta segunda-feira, 4 de Janeiro, o CaixaBI lembra que a avaliação do BFA tendo em conta a proposta da Unitel Isabel dos Santos fica aquém da avaliação que o BPI fez da instituição angolana quando foi alvo de uma oferta pública de aquisição por parte do seu maior accionista, o CaixaBank.
"No passado dia 5 de Março de 2015, no âmbito do relatório do conselho de administração sobre a OPA do banco anunciada pelo CaixaBank, o BPI valorizou a sua participação de 50,1% no capital social do BFA entre 1,0 e 1,4 mil milhões de euros (comparação com múltiplos de mercado), o que implicaria (a essa data) uma valorização entre 2 e 2,8 mil milhões de euros para a totalidade do BFA", refere o analisa André Rodrigues.
Na carta que endereçou ao BPI, a empresa controlada em 25% pela Unitel avisa que chumba a cisão dos activos africanos de forma "final e definitiva" e adianta que a sua proposta pelos 10% do BFA é "firme", é válida até ao final do mês de Janeiro e se for aceite, permitirá concluir a operação até 10 de Abril.
"A proposta da Unitel oferece uma possibilidade de saída para o BPI resolver o problema da exposição a grandes riscos, como exigido pelo BCE", referiu Paulo Rosa, da GoBulling.
Não é claro se a solução apresentada pela Unitel permite resolver o problema do excesso de concentração de riscos que o BPI tem em Angola e que, por decisão do Banco Central Europeu, tem de ser resolvido antes do final de Março. A carta em que a empresa controlada por Isabel dos Santos se propõe adquirir 10% do BFA não faz qualquer consideração sobre uma possível posição do supervisor europeu quanto a esta solução.
O BPI e a Unitel, grupo de telecomunicações angolano detido em 25% por Isabel dos Santos, são parceiros no BFA desde Dezembro de 2008, altura em que o banco português vendeu 49,9% do banco angolano para cumprir a exigência de Luanda de abertura de capital do sector financeiro de Angola a investidores locais.
Na sequência do acordo celebrado em 2008, Isabel dos Santos, através da Santoro, adquiriu 9% do BPI, posição que reforçou para 18,6% após a saída do grupo brasileiro Itaú. O maior accionista do banco é o CaixaBank, com 44,1%, que apoia o projecto de cisão como solução para dar resposta às exigências do BCE relativamente à exposição do BPI em Angola.