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BCP adia apresentação de resultados

O banco justifica o adiamento com a necessidade de fazer coincidir a apresentação dos resultados do semestre com a divulgação dos testes de stress, na próxima sexta-feira.

Miguel Baltazar/Negócios
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O BCP adiou por dois dias a apresentação dos resultados do primeiro semestre, anunciou esta quarta-feira o banco liderado por Nuno Amado.

Em comunicado enviado à CMVM minutos antes da abertura dos mercados, a instituição justifica o adiamento para sexta-feira, 29 de Julho, às 21h00, "por forma a fazê-la coincidir com a publicação dos resultados dos testes de stress coordenados pela Autoridade Bancária Europeia (EBA), e realizados em articulação com o BCE".

"A exemplo do ocorrido no teste de stress de 2014, assegura-se assim uma comunicação ao mercado de uma visão integrada da situação do Grupo", refere o banco.

Os resultados dos testes de stress poderão exigir novos reforços de capital por parte do sector financeiro. Apesar de o BCP não estar entre as 51 instituições financeiras cujos dados serão publicados pela EBA esta sexta-feira, deverá ter informação sobre a situação do banco. A entidade liderada por Nuno Amado deverá assim aproveitar a apresentação dos resultados para dar conta da análise do BCE sobre os níveis de solidez do BCP. A EBA analisou mais de 100 instituições financeiras europeias, sendo que apenas divulga os dados de cerca de 50 bancos. As restantes entidades poderão assim divulgar a informação sobre a sua situação.

Os resultados dos testes de stress poderão deixar indicações sobre eventuais necessidades de capital adicional no sector para fazer face a eventuais provisões em carteira. Uma situação que poderá obrigar os bancos, como o BCP, a anunciar medidas adicionais para alcançar os níveis de liquidez desejados.

O presidente do BCP tem reiterado que a situação do banco é estável, tendo inclusivamente afirmado, em Junho numa entrevista à Reuters, que: "temos uma estratégia muito focada e disciplinada e que fique claro: não há nenhuma intenção de pedir capital aos accionistas, nem para fazer uma fusão por fusão, que até acho que não é um caminho viável, para ser sincero". "Os accionistas podem estar tranquilos", pois "não está a ser equacionada por nós qualquer operação relacionada com o Novo Banco que implique aumentos de capital dos nossos accionistas", acrescentou.

A possibilidade de um reforço de capitais por parte do BCP tem, ainda assim, sido um dos principais pontos de pressão sobre as acções da instituição. Vários bancos de investimento têm alertado para a eventualidade de um novo aumento de capital que, no pior dos cenários, poderá chegar a 3,9 mil milhões de euros, segundo o Haitong.

Numa nota onde esmagou a avaliação do BCP de dez para dois cêntimos por acção, o banco de investimento alertava que "depois dos aumentos de capital do Popular e do Popolare, o BCE parece ter mudado a sua abordagem em relação a bancos com elevados ‘stocks’ de exposições problemáticas e níveis de cobertura baixos, o que acreditamos que poderia eventualmente incluir o BCP". Além das provisões no crédito há outros factores que, na opinião dos analistas, poderia forçar um reforço de capital, nomeadamente a conversão de créditos na Polónia, o pagamento das Coco’s ao Estado e a própria situação no sector bancário em Portugal.

A divulgação destes testes de "stress" ocorre depois do Fundo Monetário Internacional ter isolado os casos da banca italiana e portuguesa entre os principais riscos que ameaçam o crescimento mundial. A instituição alerta para o problema do malparado, que continua a crescer no mercado nacional.

Os testes de "stress" onde está incluído o BCP e os restantes bancos portugueses apenas serão comunicados em Novembro, no âmbito da avaliação feita a cerca de 120 bancos europeus que é coordenada pela Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla inglesa) e está a ser feita em articulação com o BCE. Além da coordenação do exercício, a EBA ficou responsável por realizar os testes aos 40 maiores bancos europeus. Já o BCE examinou os 60 restantes bancos significativos, grupo que inclui a CGD, o BCP, o Novo Banco e o BPI.


Segundo as estimativas do CaixaBI, o BCP deverá ter fechado o segundo trimestre do ano com um resultado consolidado de 40,3 milhões de euros. Este valor representa uma quebra de 76,3% em comparação com os resultados obtidos de Abril a Junho de 2015.

Os títulos do BCP seguem a recuar 0,51% para 0,0195 euros por acção.

(Notícia actualizada com mais informação sobre os testes de "stress" à banca portuguesa)

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