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BCE deverá pagar aos bancos para cederem crédito e estimular a economia

Os bancos europeus deverão receber um "bónus" do Banco Central Europeu se se comprometerem a apostar em força na concessão de crédito que estimule a economia europeia.

05 de Abril de 2019 às 11:37
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A maior parte dos economistas consultados pela Bloomberg prevê que o custo da nova operação de refinanciamento de prazo alargado direcionada (TLTRO) vá ser mais baixo do que as normais operações principais de refinanciamento ("main refinancing rate", MRO), revela um inquérito feito entre 28 de março e 2 de abril divulgado esta sexta-feira, 5 de abril. 

A terceira ronda de TLTRO foi anunciada em março deste ano pelo Banco Central Europeu (BCE) na reunião que decidiu adiar uma potencial subida dos juros para 2020. Ambos os anúncios tinham como objetivo estancar a desaceleração económica que se começou a sentir no segundo semestre de 2018 na Zona Euro e que prolongou-se no início deste ano.

O último desses programas TLTRO deverá acabar no próximo ano e nesse momento os bancos terão de devolver os empréstimos ao BCE, o que vai retirar liquidez ao sistema financeiro e poderá funcionar como uma medida monetária restritiva. Desta forma, com uma nova ronda, o banco central tenta suavizar esse impacto. Para Portugal, o impacto é limitado, segundo a Moody's.

Os pormenores sobre esta nova ronda - com início marcado para setembro deste ano - deverão ser dados na reunião de junho. O objetivo é que se prolongue até março de 2021. "Será lançada uma nova série de operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas trimestrais, que terá início em setembro de 2019 e terminará em março de 2021, tendo cada operação um prazo de dois anos", esclarecia o comunicado dessa reunião de política monetária. 

Só quando forem relevados os pormenores é que se saberá quão generoso o BCE será com os bancos, mas os economistas consultados pela Bloomberg antecipam que o setor financeiro possa vir a lucrar com o terceiro TLTRO. Ou seja, na prática, o banco central deverá pagar aos bancos para estes emprestarem de forma a impulsionarem o crescimento económico, compensado as pressões externas que existem atualmente sobre a Zona Euro. 
A estimativa média é que entre o custo da operação de financiamento ao abrigo do TLTRO e o da operação principal de refinanciamento (MRO) exista uma diferença de 20 pontos base. Nas condições atuais, essa operação iria dar aos bancos um rendimento numa altura em que o setor financeiro diz ter rentabilidade fraca. 

"O BCE vai tentar dar surpresas 'dovish' [acomodatícias] aos investidores durante as próximas reuniões do conselho de governadores. Isso incluirá a definição de condições muito generosas para o TLTRO-III", adianta Andrew Kenningham, economista-chefe global da Capital Economics. 

Contudo, nem assim a expectativa dos economistas é muito positiva uma vez que duvidam da eficácia desta ferramenta. A previsão é que o montante de financiamento que vá ser injetado nos bancos nesta terceira ronda não chegue a metade da ronda realizada há três anos pelo BCE. 

No mesmo inquérito, os economistas consultados pela Bloomberg antecipam que a primeira subida dos juros possa acontecer entre junho de 2020 e dezembro do mesmo ano.

O maior risco identificado pelos inquiridos continua a ser a desaceleração económica da Zona Euro, seguida de uma saída desordenada do Reino Unido e a relação entre as tensões comerciais a nível global e a travagem económica na China. Por fim, a crise em Itália e em alguns países das economias emergentes também preocupa. 

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