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Bancos apertam concessão de crédito após novas regras do Banco de Portugal
As condições mais restritivas na concessão de crédito às famílias devem repetir-se no último trimestre deste ano.
Os bancos portugueses adoptaram critérios de aprovação mais restritivos na concessão de crédito às famílias na sequência das novas regras que o Banco de Portugal introduziu em Julho e que tinham como objectivo refrear o aumento considerável no crédito à habitação e crédito ao consumo.
"Relativamente aos empréstimos a particulares a maioria das instituições reportou critérios de aprovação mais restritivos, tanto no crédito à habitação como no crédito ao consumo", refere o inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito, que foi publicado esta terça-feira pelo Banco de Portugal e diz respeito ao terceiro trimestre do ano.
"O principal factor que os bancos indicaram para explicar a maior restritividade no crédito a particulares foi o cumprimento da medida macroprudencial aplicada aos novos créditos à habitação e ao consumo pelo Banco de Portugal", refere a mesma fonte.
O Banco de Portugal anunciou em Fevereiro uma medida macroprudencial no âmbito da concessão de crédito. O supervisor quis colocar alguma "água na fervura" numa altura em que os montantes emprestados para a compra de casa estão em máximos de oito anos.
As estatísticas sobre a concessão de crédito às famílias demonstram uma tendência de crescimento acelerado. Há oito anos que as instituições financeiras não emprestavam tanto dinheiro. Na habitação, apesar do forte ritmo de crescimento, o montante emprestado ainda está longe dos níveis atingidos em 2007. Já no crédito ao consumo está em níveis recorde.
Apesar das novas regras do Banco de Portugal terem entrado em vigor em Julho, o crédito concedido às famílias tem aumentado nos últimos meses. As estatísticas sobre a concessão de crédito às famílias demonstram essa tendência de crescimento acelerado e no inquérito do Banco de Portugal as instituições financeiras também o assumem.
"No segmento dos particulares, a maioria das instituições reportou um aumento da procura de crédito para aquisição de habitação e uma estabilização na procura de crédito para consumo", refere o relatório, onde se avança com várias explicações para este aumento: "o aumento da confiança dos consumidores, perspectivas do mercado da habitação e o nível das taxas de juro terão sido os principais factores subjacentes à evolução da procura de crédito à habitação".
Procura de crédito à habitação pode baixar
Nas perspectivas para o último trimestre deste ano os bancos prevêem voltar a "restringir os critérios de aprovação nos empréstimos a particulares", sendo que duas das cinco instituições inquiridas "antevêem uma redução da procura de crédito à habitação".
Os dados do Banco de Portugal mostram que os bancos emprestaram 6.503 milhões de euros para a compra de casa, nos primeiros oito meses do ano, o que apesar de representar um aumento face aos anos anteriores, representa quase metade dos 12.579 milhões de euros concedidos em igual período de 2007, ano que antecedeu a crise financeira.
Em Agosto, os bancos emprestaram mais de 800 milhões de euros para a compra de casa, um valor que fica aquém do emprestado no mês anterior, mas acima do concedido no período homólogo.
No que diz respeito ao segmento das empresas, "os critérios de concessão e os termos e condições contratuais no crédito a empresas mantiveram-se, de um modo geral, inalterados".
A maioria das instituições indicou que no terceiro trimestre a procura de crédito por parte das empresas permaneceu praticamente inalterada e também não se prevê alterações no último trimestre do ano.