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Banco de Portugal: Separação de balcões "não traz valor acrescentado"

Num momento em que o Montepio teve de criar espaços próprios para o atendimento mutualista, o Banco de Portugal considera que não há eficácia adicional na distinção de balcões tendo em conta o produto vendia. O governador defendia o contrário em 2014.

Miguel Baltazar
09 de Março de 2018 às 16:45
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A separação de balcões do mesmo banco, tendo em conta a diferença entre os produtos comercializados, não provou a sua eficácia, e "não traz valor acrescentado", segundo defendeu o Banco de Portugal no Parlamento. Uma afirmação dada quando uma das principais instituições financeiras do país, o Montepio, teve de criar espaços próprios dentro das suas agências para distinguir os produtos bancários, comercializados pela caixa económica, dos produtos emitidos pela sua casa-mãe, a mutualista, mas vendidos naquele espaço físico.

 

Para o Banco de Portugal, segundo sintetizou no Parlamento Luís Costa Ferreira, director de supervisão prudencial do supervisor, a preocupação é garantir que os clientes saibam quais a natureza e os riscos associados a cada produto. Quando há dúvidas, "as instituições apresentam um conjunto de soluções e avaliamos o grau de eficácia", explicou. E já há conclusões nessa avaliação: "Não existe evidência de que [ter] balcões separados seja mais eficaz".

 

Ou seja, na avaliação feita pelo regulador da banca, pode-se concluir, repetiu Costa Ferreira, "que a separação de balcões não é necessariamente mais eficaz". "Consigo atingir os mesmos objectivos sem ter a separação. Não é ineficácia. [Mas] não traz valor acrescentado", acrescentou, referindo-se, por exemplo, ao aumento de custos (com a duplicação de pessoal) face aos proveitos obtidos. "Há riscos adicionais de percepção" até, caso tivesse de haver, por exemplo, novas designações.

 

Ora, neste momento, o que acontece no Montepio é uma separação de balcões. Nas agências da caixa económica, foram criados espaços de atendimento mutualista, onde são comercializados em exclusivo os produtos emitidos pela associação, que não estão sob o Fundo de Garantia de Depósitos. Uma forma de responder à confusão existente entre os dois produtos. Só que, mesmo com essa separação, têm sido publicadas notícias a dar conta de que a distinção dos produtos mutualistas por exemplo em relação aos depósitos não é clara.

 

A distinção de balcões para os produtos bancários e os de investimento não é um tema recente. O próprio Banco de Portugal já o defendeu. "Existem boas razões para dispor em diferentes montras os produtos bancários tradicionais (depósitos, créditos e instrumentos de pagamento) e os outros produtos de investimento, de modo que a sua natureza distinta seja mais facilmente perceptível ao público", escreveu Carlos Costa na nota introdutória do relatório de supervisão bancária relativo a 2014.
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