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Montenegro diz que investimento em defesa pode ser recalendarizado por exigências geopolíticas
"É preciso estabelecer um mecanismo de flexibilidade no Pacto de Estabilidade e Crescimento da União Europeia por forma a não destabilizar a trajetória financeira dos países", referiu Luís Montenegro.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou esta sexta-feira que o objetivo definido pelo Governo de, até 2029, se atingir 2% de investimento na área da defesa poderá ser recalendarizado por "força das exigências" geopolíticas.
"Nós temos, neste momento, o compromisso assumido de atingir 2% de investimento na área da defesa em 2029. Foi um compromisso que assumimos logo no início do nosso mandato, antecipando um ano a meta anteriormente definida pelos governos", afirmou o primeiro-ministro.
Numa conferência de imprensa conjunta com chefe de Estado francês, Montenegro afirmou, no entanto, que esse objetivo poderá ter se der recalendarizado face às exigências do contexto geopolítico.
"Já tive ocasião de transmitir que é muito expectável que venhamos a recalendarizar esse objetivo por força das exigências que a situação geopolítica e os nossos compromissos com os nossos aliados venham a justificar", afirmou.
Montenegro realçou que essa recalendarização será feita numa "estratégia concertada" com os parceiros da União Europeia e da NATO. O chefe do Executivo português assegurou que estará presente na reunião do Conselho Europeu na próxima semana, depois de ter faltado à conferência de apoio à Ucrânia.
Para o chefe do Executivo português, a União Europeia deve "ganhar maior autonomia" e "criar maior capacidade industrial", sem com isso prejudicar a estabilidade financeira dos Estados-membros.
"É preciso estabelecer um mecanismo de flexibilidade no Pacto de Estabilidade e Crescimento da União Europeia por forma a não destabilizar a trajetória financeira dos países", referiu.
Montenegro considerou que apesar da situação económica de Portugal ser hoje melhor do que outros países europeus, não se lhes deverá pedir "um esforço que é comum", tendo, para tal, defendido a necessidade de um "plano de investimentos concertado e coordenado" entre os 27 membros da União Europeia.
"Temos de funcionar como um bloco independentemente da nossa autonomia estratégica", acrescentou.
Montenegro e Macron falavam aos jornalistas depois de assinarem o Tratado de Amizade e Cooperação entre Portugal e França, que começou a ser delineado há oito meses, e que hoje resultou em "nove instrumentos de cooperação" entre os governos e associações empresariais.
Na sala onde decorreu a conferência de imprensa estavam, para além da comitiva francesa, os ministros portugueses da Defesa Nacional, da Administração Interna, dos Assuntos Parlamentares, da Defesa Nacional, da Justiça e dos Negócios Estrangeiros.