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Banca vai financiar Fundo de Resolução com juro negativo
João Freitas, diretor do departamento de resolução do Banco de Portugal, diz que o Fundo de Resolução já assinou o contrato de financiamento com a banca, de até 475 milhões de euros.
"Os contratos [de financiamento] foram assinados ontem [segunda-feira] com os bancos", afirmou João Freitas na comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco.
A taxa de juro é o custo de financiamento da República a cinco anos acrescido de um "spread" de 15 pontos base, explicou. A taxa de juro será revista a cada cinco anos.
"No momento atual significa que a taxa de juro é de -6 pontos base", detalhou, relembrando que são as mesmas condições do "empréstimo concedido pelo Estado em 2014".
Segundo João Freitas, o empréstimo foi "concedido pelos sete maiores bancos nacionais", ou seja, Caixa Geral de Depósitos, BCP, BPI, Santander, EuroBic, Montepio e Crédito Agrícola, e envolveu "um processo de discussão e negociação com os bancos e com os seus auditores", nomeadamente a PwC, EY e a Deloitte.
Transferência será feita nos próximos dias
O Novo Banco recebeu até agora 2,9 mil milhões de euros no âmbito do mecanismo de capitalização contingente, de até 3,89 mil milhões. O banco liderado por António Ramalho pediu mais 600 milhões de euros, com base nas contas de 2020, mas o valor fica abaixo. Irá rondar os 429 milhões de euros, um valor que será transferido "nos próximos dias", disse João Freitas.
"O Governo aprovou já a autorização orçamental para a realização da despesa dos 429 milhões, embora tendo solicitado que, em relação a um aspeto em paticular, que o fundo promovesse diligências complementares - na verdade elas já estão em curso, mas que sejam concluídas - antes de ser realizada a despesa em causa", disse.
O secretário-geral do Fundo de Resolução explicou ainda o montante total que foi retirado ao pedido do Novo Banco. Uma parte corresponde a 147 milhões de euros devido à sucursal em Espanha e a outra parte a 18 milhões de euros referentes a uma divergência relativa à reavaliação em baixa dos fundos de reestruturação.
FdR com "menos certeza" quanto a pagar empréstimos até 2046
O Fundo de Resolução tem "menos certeza" de que pagará até 2046 os empréstimos concedidos pelo Estado para financiar o Novo Banco, podendo prolongar a duração das contribuições dos bancos para o efeito, disse também o secretário-geral do fundo.
"A expectativa que temos é que o empréstimo que foi celebrado ontem [segunda-feira] com os bancos, com o Estado de 3.900 milhões de euros em agosto de 2014 e o empréstimo que foi celebrado com os bancos em agosto de 2014, de 700 milhões de euros, sejam reembolsados em 31 de dezembro de 2046. Quanto aos restantes temos a expectativa que também seja possível, mas neste momento temos menos certezas, sim", disse João Freitas no Parlamento.
(Notícia atualizada com mais informação.)