Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Autor do relatório sobre BES diz que documento é "útil para não se repetirem erros passados"

João Costa Pinto, ex-presidente do conselho de auditoria do Banco de Portugal, considera que o relatório que elaborou, em conjunto com outros responsáveis, sobre o BES pode ser de "grande utilidade para tirar lições que evitem erros do passado". 

Tiago Petinga/Lusa
10 de Abril de 2019 às 18:39
  • 3
  • ...

João Costa Pinto, ex-presidente do conselho de auditoria do Banco de Portugal, considera que o relatório – elaborado pela entidade que liderou – sobre o Banco Espírito Santo (BES) pode ser útil para que "não se repitam erros passados". Carlos Costa, governador do BdP, recusa divulgar o documento por ser "confidencial". 

 

"Penso que o relatório pode ser de grande utilidade para tirar lições que evitem a repetição de erros passados", afirmou João Costa Pinto aos deputados na comissão parlamentar de inquérito à gestão e recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD). 

 

João Costa Pinto, e a equipa que o acompanhou no conselho de auditoria entre 2014 e 2018, foi o autor do documento de "reflexao interna" do BdP – como foi designado por Carlos Costa durante a sua audição no final do mês passado – realizado após a resolução do BES, que nunca foi divulgado publicamente. 

 

Um relatório que, segundo João Costa Pinto, não se debruçou sobre o nível de exposição que o BES e GES tinham à CGD. "Não, não estava no objeto da comissão, nem foi uma questão que preocupasse a comissão", salientou.

 

Já quanto à divulgação deste relatório, o ex-presidente do conselho de auditoria do regulador afirma que as "suas conclusões devem ser publicitadas por quem de facto o solicitou" – "não penso que devo ser eu a fazê-lo" – ou seja, por Carlos Costa.

 

Sobre o documento, refere apenas que este avaliou a evolução dos contactos entre o BdP e o GES e apresentou um conjunto de sugestões de natureza legislativa ou regulamentar no sentido de "corrigir aquilo que precisava de ser corrigido". 

O relatório focou-se, de acordo com João Costa Pinto, em seis grandes áreas: evolução da estrutura do GES, financiamento da parte financeira à parte não financeira, evolução do conglomerado que acabou por formar o GES, a forma como se processou o financiamento ao GES, ligações a Angola e ainda o trabalho dos auditores externos.

 

Apenas Carlos Costa teve acesso ao relatório

 

O governador disse na sua audição que o documento elaborado sobre os procedimentos internos do banco depois da resolução do BES é confidencial, estando protegido pelo sistema europeu de bancos centrais.

 

Carlos Costa acrescentou que o documento foi pedido "pelo governador e para o governador" e que constitui "uma reflexão que tem várias peças e essas peças têm de ser conjuntamente consideradas". Confrontado pela deputada bloquista Mariana Mortágua sobre se a vice-governadora Elisa Ferreira conhecia o documento, Carlos Costa acabou por afirmar que o conselho de administração à data "teve acesso ao documento", estando "sujeito às mesmas regras de confidencialidade".

 

Esta afirmação acabou por ser contrariada esta quarta-feira por João Costa Pinto. "Tanto quanto é do meu conhecimento, penso que não", respondeu o ex-presidente do conselho de auditoria do BdP quando questionado se o relatório tinha sido enviado por Carlos Costa aos outros membros da administração. 

(Notícia atualizada às 18h41 com mais informação)

Ver comentários
Saber mais João Costa Pinto Caixa Geral de Depósitos BdP Banco de Portugal Banco Espírito Santo BES Carlos Costa CGD GES Mariana Mortágua Elisa Ferreira banca
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio