Notícia
Banco de Portugal aplica coima de 3 milhões à KPMG por causa do BES
De acordo com o Banco de Portugal, a auditora prestou, a título doloso, informações incompletas e falsas ao supervisor relativas ao Banco Espírito Santo em 2014.
O banco central liderado por Carlos Costa considera que a KPMG Portugal praticou várias contraordenações entre 11 de fevereiro e 30 de maio de 2014. Ou seja, antes da resolução do BES, no verão desse ano.
Na fase de acusação, eram, ao todo, cinco visados: Inês Viegas, Fernando Antunes, Inês Filipe e Sílvia Gomes. Mas também o presidente da auditora, Sikander Sattar. Contudo, apenas surgem os dois primeiros nomes nesta condenação.
De acordo com o Banco de Portugal, ficou provado que a KPMG e os seus responsáveis tiveram conhecimento dos riscos associados à carteira de crédito do BES Angola. E de como isso afetaria a operação do banco em território nacional. No entanto, não comunicaram ao Banco de Portugal essas informações.
Além disso, a KPMG não fez qualquer ênfase ou reserva às contas do BES. Ou seja, não deixou qualquer alerta aos resultados do banco então liderado por Ricardo Salgado.
A KPMG Portugal auditou as contas do BES em Portugal, enquanto a KPMG Angola verificou os números do BES Angola.
O regulador adianta ainda que "todos os arguidos impugnaram a decisão junto do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, dando origem ao processo que corre os seus termos".
A CMVM, enquanto supervisora das sociedades revisoras oficiais de contas, também tem um processo a correr contra a KPMG. Não há, no entanto, ainda uma uma acusação por parte da entidade liderada por Gabriela Figueiredo Dias.
Administradores do BES acusados pelo BdP
Também esta quarta-feira, o Banco de Portugal divulgou a sua decisão de condenar o BES e ex-administradores por infrações especialmente graves.
Tal como o Negócios já tinha avançado, a ausência de controlo da casa-mãe é um dos motivos para o conjunto de coimas que ascende a 8 milhões de euros, 3,5 milhões dos quais a serem pagas por ex-administradores.
O processo, que tinha começado com 18 acusados em 2015, termina com oito condenados, dois deles coletivos (BES e o seu principal acionista, a Espírito Santo Financial Group, onde consolidava) e seis individuais. Destes, Ricardo Salgado volta a ser o principal alvo, sendo-lhe aplicada uma coima de 1,8 milhões de euros.
Em relação às sociedades coletivas condenadas, o BES sofre uma coima de 3,4 milhões de euros e a ESFG de 1 milhão.
De acordo com o regulador, "Amílcar Morais Pires, Ricardo Salgado e Rui Silveira impugnaram a decisão do Banco de Portugal junto do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão".