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Sócios da KPMG que fiscalizaram BES deixam de fazer auditoria

Os pedidos para deixar de exercer a atividade de auditoria já foram entregues à CMVM, que os aceitou.

Chris Ratcliffe/Bloomberg
28 de Agosto de 2019 às 17:49
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Fernando Antunes, Inês Viegas e Sílvia Gomes, sócios da KPMG que estiveram envolvidos na auditoria ao Banco Espírito Santo (BES) e que foram acusados pelo Banco de Portugal (BdP) de terem prestado informações falsas ao regulador, deixaram de exercer a atividade de auditoria, comunicou a KPMG Portugal, esta quarta-feira, 28 de agosto. Os pedidos já foram feitos à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que os aceitou.

"A KPMG & Associados vem por este meio informar que os seus sócios Fernando Antunes, Inês Viegas e Sílvia Gomes decidiram deixar de exercer a atividade de auditoria, tendo em consequência requerido o cancelamento dos respetivos registos junto da CMVM. Estes requerimentos foram já deferidos pela CMVM", indica o comunicado emitido esta tarde pela KPMG.

A CMVM também já veio, entretanto, confirmar este cancelamento, dando ainda conta de que o mesmo surge depois de uma ação de avaliação da idoneidade destes responsáveis.

"No contexto de uma ação da CMVM, no âmbito dos seus poderes de supervisão de auditores, relativa à idoneidade enquanto condição de manutenção do registo na CMVM dos Revisores Oficiais de Contas, informa-se que Inês Viegas, Sílvia Gomes e Fernando Antunes, sócios da KPMG & Associados, solicitaram o cancelamento dos respetivos registos para o exercício de funções de auditoria junto da CMVM. O referido pedido de cancelamento foi deferido pela CMVM e produz efeitos a partir da presente data", pode ler-se no comunicado do regulador.

Estes três sócios da KPMG deixam, assim, de poder desempenhar as funções de auditoria. Só poderão solicitar um novo registo daqui a dois anos, "ficando sujeito às condições previstas no Regime Jurídico da Supervisão de Auditoria, avaliadas pela CMVM no momento de solicitação da inscrição", indica ainda a CMVM.

A decisão é tomada depois de, em abril deste ano, o BdP ter aplicado uma coima de 3 milhões de euros à KPMG Portugal, que acusa de ter prestado informações incompletas e falsas ao supervisor, relativamente ao BES e ao BES Angola, em 2014. Para da própria auditora, o regulador condenou ainda Inês Viegas ao pagamento de uma coima de 425 mil euros e Fernando Antunes a outros 400 mil euros. Na fase de acusação, para além destes, também Inês Filipe, Sílvia Gomes e Sikander Sattar, o presidente da auditora, eram visados pelo BdP.

Entretanto, conforme avançou o Negócios no mês passado, a CMVM também decidiu avançar contra a KPMG, depois de terminada a investigação ao trabalho da auditora no BES. A entidade liderada por Gabriela Figueiredo Dias deu assim início a um processo de contraordenação por ter encontrado indícios de que a auditora cometeu falhas de fiscalização no BES. Ainda não há, contudo, uma decisão relativamente a este processo.

A KPMG, por seu lado, "enaltece o elevado sentido de responsabilidade" dos três sócios e espera que o trabalho que os mesmos desempenharam no caso BES "venha a ser reconhecido nos processos em curso, por ser da mais elementar justiça".

Notícia atualizada pela última vez às 18h12 com mais informação.
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