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Associação considera injusto que reformados da CGD paguem comissão de conta

"Ninguém ganha com esta situação. A sociedade precisa que os bancos ponham o dinheiro a circular. Agora querer que os clientes paguem para guardar o dinheiro, isso é serviço de um cofre, um banco é outra coisa", sublinhou o presidente da ABESD.

Bruno Simão
24 de Julho de 2017 às 11:09
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A Associação de Defesa de Clientes Bancários (ABESD) considerou hoje injusto que parte dos clientes reformados da Caixa Geral de Depósitos (CGD) passem, a partir de 1 de Setembro, a pagar comissão de manutenção da conta.

Os clientes da CGD, que até agora estavam isentos de comissões, vão passar a pagar 4,95 euros por mês ou a escolher a Conta Caixa com custos mais baixas, de acordo com a nova tabela de Comissões e Despesas da Caixa, citada hoje pelo jornal Público.

"Neste segmento, só os clientes com mais de 65 anos e pensão ou reforma inferior a 835,50 euros continuarão a não pagar pela conta à ordem. Clientes com pensões pequenas, como de invalidez, ou que recorreram à pré-reforma, passam a pagar", explica o jornal.

Em declarações hoje à agência Lusa, Luís Janeiro, da direcção da ABESD, classificou a medida de injusta, salientando que "não são os clientes que têm de responder pelo problema de rentabilidade da banca".

"Não são os clientes que têm de responder (...) e a única razão porque agora são taxados é porque a banca acha que não tem a rentabilidade que deveria ter. É altamente injusto que as pessoas metam dinheiro nos bancos e depois tenham de pagar a falta de rentabilização", disse.

No entender de Luís Janeiro, os bancos têm a obrigação de rentabilizar com segurança o dinheiro dos clientes e não o fizeram durante décadas.

"Mesmo quando tinham rentabilidade não repartiam. Agora dizem que não têm rentabilidade, mas os clientes não podem suportar isso a não ser que a gente queira uma sociedade onde as pessoas voltem a pôr o dinheiro debaixo do colchão", explicou.

Para o responsável, esta situação é o regresso "ao tempo dos avós, que não confiavam nos bancos".

"Ninguém ganha com esta situação. A sociedade precisa que os bancos ponham o dinheiro a circular. Agora querer que os clientes paguem para guardar o dinheiro, isso é serviço de um cofre, um banco é outra coisa", sublinhou.

O jornal realça também que "centenas de milhares de outros clientes com domiciliação de rendimentos (vencimento e outros) ou com património financeiro acima de cinco mil euros vão perder a isenção dessa comissão ou ganham uma 'falsa' isenção".

"É que passam a ser obrigados a ter cartões de débito e de crédito e a utilizá-los pelo menos uma vez por mês, o que implica uma despesa efectiva, tendo em conta o custo (anuidade) destes produtos, a que podem acrescer ainda juros, se passarem a utilizar o fraccionamento dos pagamentos a crédito", escreve o jornal.

De acordo com o jornal, a CGD está a contactar os clientes para os informar do novo preçário.

Contactado pelo Público, o Banco de Portugal refere que "de acordo com as normas em vigor, as instituições de crédito são livres de fixar o preço dos seus produtos e serviços" e que "a restrição a esta liberdade é uma competência reservada ao legislador".

No dia 20 de Junho, o presidente da CGD, Paulo Macedo, justificou o aumento das comissões bancárias cobradas aos clientes com a necessidade de o banco público voltar aos lucros, após sete anos seguidos de prejuízos.
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