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Álvaro Santos Pereira: recapitalização da CGD vai elevar défice acima de 3%

O ex-ministro da Economia defende que a recapitalização da Caixa vai ter impacto no défice. Álvaro Santos Pereira justifica o corte de previsões de crescimento para Portugal com a conjuntura global. E diz que impor sanções a Portugal é "vergonhoso".

Bruno Simão/Negócios
01 de Junho de 2016 às 15:08
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O antigo ministro e actual economista na OCDE, Álvaro Santos Pereira, considerou esta quarta-feira 1 de Junho, em Paris, que se a Caixa Geral de Depósitos for recapitalizada, o défice de Portugal "será certamente acima dos 3%".

 

"As nossas previsões são que, tendo em conta um crescimento de 1,1%, 1,2% para este ano, estamos a falar de um défice a rondar 2,9% mais ou menos este ano. Se obviamente houver uma recapitalização dos bancos, nomeadamente a Caixa Geral de Depósitos, o défice será certamente acima dos 3%", declarou o director dos estudos nacionais no Departamento de Economia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

 

Nas previsões económicas divulgadas esta quarta-feira, a OCDE piorou a sua estimativa para o défice de Portugal, esperando agora que atinja os 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, quando em Novembro antecipava um défice de 2,8%.

 

Assim, a OCDE está mais pessimista do que o Governo português, que mantém como meta para este ano um défice para 2,2% do PIB, e junta-se ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que também antecipa um défice de 2,9%, e à Comissão Europeia, que estima um défice de 2,7%.

 
Crescimento "muito fraco" de outros países penaliza Portugal 

A instituição também reviu em baixa as suas previsões do crescimento do PIB para 1,2% este ano e 1,3% em 2017, duvidando que a economia portuguesa cresça ao ritmo de 1,8% previsto pelo Governo para este ano e para o próximo, de acordo com as estimativas inscritas no Programa de Estabilidade 2016-2020, remetido a Bruxelas no final de Abril.

 

Álvaro Santos Pereira explicou que as perspectivas têm em conta "um crescimento muito fraco" de outros países "que tem implicações muito grandes para Portugal", indicando que "claramente a conjuntura global é difícil".

 

"Estamos a ter o pior crescimento de comércio mundial das últimas décadas, só houve cinco vezes nas últimas cinco décadas em que o crescimento do comércio mundial esteve abaixo dos 2%. Todos esses anos foram anos de recessão mundial. Nós não estamos a falar em recessão mundial mas estamos a falar de um abrandamento muito significativo", acrescentou o antigo ministro da Economia, classificando o valor de 2,1% da perspectiva de crescimento do comércio mundial como "um número muitíssimo baixo".

 

Ex-ministro contra sanções a Portugal

 

Álvaro Santos Pereira disse ser "pessoalmente" contra qualquer tipo de sanções aplicadas a Portugal, justificando que "nenhum país da OCDE, muito menos nenhum país da Europa, fez reformas como Portugal fez entre 2011 e 2013".

 

"Sou totalmente contra qualquer tipo de sanções que sejam aplicadas a Portugal. Aliás, acho que seria vergonhoso se fossem aplicadas sanções a um país que fez os sacrifícios que Portugal fez e que fez as reformas que Portugal fez", declarou, defendendo que o país "tem que ser recompensado, não pode ser penalizado com sanções que são totalmente injustificadas nesta altura".

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