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BES anuncia aumento de capital de 1.045 milhões com desconto de 38,5%

O banco vai emitir 1.607 milhões de novas acções, a 0,65 euros cada uma, pelo que irá encaixar um máximo de 1.045 milhões de euros com a operação. O ESFG e o Credit Agricole podem vender acções no aumento de capital.

Miguel Baltazar/Negócios
15 de Maio de 2014 às 18:30
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O Banco Espírito Santo anunciou esta quinta-feira, 15 de Maio, que vai avançar com a emissão de novas acções, num aumento de capital de 1,045 mil milhões de euros que visa reforçar os rácios de capital.

 

O banco liderado por Ricardo Salgado pretende emitir 1.607 milhões de novas acções, ao preço de subscrição de 0,65 euros cada uma. Este preço traduz um desconto de 38,5% face ao preço de fecho de hoje dos títulos (1,058 euros).

 

Num comunicado enviado à CMVM, o BES adianta que "o preço de subscrição representa um desconto de aproximadamente 34,06% em relação ao preço teórico ajustado 'ex-rights' calculado com base no preço de fecho das acções do BES na Euronext Lisbon em 14 de Maio de 2014 (dia anterior ao da deliberação do Conselho de Administração)".

 

O "Diário Económico" noticiou ontem que o BES ia avançar com um aumento de capital de mil milhões de euros, sendo que segundo este comunicado a decisão só foi tomada hoje pelo Conselho de Administração.

 

No mesmo comunicado o BES adianta que este aumento de capital vai permitir ao banco "reforçar a sua base de capital, por forma a potenciar a sua vantagem competitiva na recuperação da economia portuguesa e o crescimento nos mercados internacionais onde está presente".

 

Acrescenta que permitirá também "criar reservas adicionais de capital", com vista a fazer face ao novo enquadramento regulamentar conhecido como CRD IV, bem como aos "stress tests" e à revisão de qualidade dos activos que serão realizados em antecipação à transferência da supervisão dos bancos da União Europeia para o BCE.

 

O Rácio Tier I do BES, com este aumento de capital, irá melhorar 162 pontos base, que passará para 9,6% face aos 8% registados no fecho do primeiro trimestre. O mínimo exigido é de 7%.

Este aumento de capital permite que o BES e o ESFG realizem os testes de stress a promover pelo Banco Central Europeu (BCE) já com os fundos próprios reforçados. De acordo com o cronograma da avaliação completa que o BCE está a realizar aos maiores bancos europeus, os testes de resiliência decorrerão, numa primeira fase, no início de Julho, estando prevista uma revisão do exercício até ao final de Agosto, caso se revele necessário.

 

Ricardo Salgado já tinha admitido publicamente a possibilidade de o BES avançar com um aumento de capital. "Não podemos cantar a Glória sem vermos os exercícios que temos pela frente", sublinhou o banqueiro a 15 de Fevereiro, na apresentação das contas anuais. E garantiu: "Há capital disponível para os reforços necessários sem usar o dinheiro do Estado".

 

Sindicato bancário garante colocação das acções

 

Como habitual neste tipo de operações, os accionistas têm direito de preferência, pelo que vão ser negociados em bolsa os direitos de subscrição dos títulos.

 

No comunicado emitido ao mercado, o BES adianta que "assinou um contrato de underwriting, sujeito à lei inglesa, com um sindicato bancário, para efectuar a subscrição, por conta dos próprios membros do sindicato ou por conta de investidores institucionais por estes seleccionados, das novas acções que eventualmente não sejam subscritas no âmbito do aumento de capital por titulares de direitos de subscrição.

 

O Espírito Santo Investment Bank, a Morgan Stanley e a UBS Investment Bank actuam como Joint Global Coordinators e Joint Bookrunners nesta operação, enquanto o BofA Merrill Lynch, Citigroup Global Markets Limited, J.P. Morgan Securities Plc, e Nomura atuam como Joint Bookrunners.

 

A Banca IMI, Banco Santander, BBVA, COMMERZBANK, Crédit Agricole CIB, ING, KBC Securities, Keefe, Bruyette & Woods, MEDIOBANCA e Société Générale Corporate & Investment Banking actuam como Co-Lead Managers.

 

ESFG e Credit Agricole podem vender acções no aumento de capital

 

O BES adianta ainda que os seus maiores accionistas, o ESFG (27,36%) e o Credit Agricole (20,2%) podem vir a vender acções do banco, para financiar a participação no aumento de capital.

 

Contudo, a única garantia que assumem é de no final da operação não deterem menos acções do que as detidas antes do início do aumento de capital. Ou seja, fica implícito que podem reduzir a posição financeira.

 

"A Espírito Santo Financial Group, S.A. informou o BES que tem intenção de subscrever novas acções no aumento de capital. Para tanto, tenciona alienar, durante o período do aumento de capital, acções ou direitos de subscrição de novas acções e, com a totalidade do encaixe líquido dessa alienação, subscrever novas acções no aumento de capital", refere o banco.

 

Já o "Crédit Agricole informou o BES que tem igualmente intenção de subscrever novas acções no aumento de capital", sendo que "nesse sentido, tenciona alienar, durante o mesmo período, acções ou direitos de subscrição de novas acções e reinvestir uma parcela de aproximadamente 10 milhões de euros do encaixe da alienação de tais acções ou direitos na subscrição de novas acções".

 

Acrescentam que "as alienações de acções ou direitos anteriormente referidas deverão ser realizadas pelos respectivos accionistas de uma forma ordenada, pelos meios que considerem adequado, tendo ainda os accionistas assumido o compromisso de não ficarem a deter imediatamente após a liquidação física do aumento de capital, uma quantidade de acções inferior à por eles detida actualmente". 

 

Último aumento de capital, em 2012, foi feito com desconto de 66%

O último aumento de capital do BES foi realizado em 2012, quando o banco emitiu 2.556,7 milhões de acções, ao preço de subscrição de 0,395 euros cada uma, o que permitiu um encaixe de 1.010 milhões de euros.

O preço do aumento de capital em 2012 foi concretizado com um desconto de 66% face à cotação da altura.

 

Após este aumento de capital, o banco liderado por Ricardo Salgado conseguiu evitar a ajuda pública para se recapitalizar durante a crise da dívida do euro. CGD, BCP e BPI tiveram que recorrer à linha da troika para elevarem os seus rácios de capital.

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