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Ghosn: Fuga à justiça foi "a decisão mais difícil da minha vida" mas "não tinha opção"

"Eu nunca devia ter sido detido", defende Ghosn, que acusa o sistema de justiça japonês de ser "corrupto e hostil" e de ter "presumido a culpa desde o primeiro dia".

08 de Janeiro de 2020 às 14:09
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O ex-líder do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, Carlos Ghosn, organizou uma conferência de imprensa no Líbano, onde se encontra fugido da justiça japonesa. Ghosn afirma que a fuga foi "a decisão mais difícil" que teve de tomar na vida mas que era a única saída para poder provar a sua inocência, que reitera.

"Eu não estou acima da lei", garantiu Ghosn. "Não me deixaram outra opção". Para o empresário, a fuga é "um risco em que uma pessoa só incorre na impossibilidade de um julgamento justo". Aproveitou ainda para relembrar que o dia do julgamento ainda não tem uma data definida. 

Esta é a primeira vez que o empresário fala em público desde que foi detido, em 2018, com exceção de algumas entrevistas que concedeu, um testemunho gravado em vídeo e o testemunho no tribunal. 

Ghosn reiterou que as acusações de que é alvo são "falsas". "Eu nunca devia ter sido detido", defende. Acusa o sistema de justiça japonês de ser "corrupto e hostil" e de ter "presumido a culpa desde o primeiro dia". Mais à frente no discurso, alega que a base das acusações de que é alvo é a não-declaração de rendimentos, mas que os rendimentos em causa ainda não lhe haviam sido pagos ou sequer definidos - estariam em discussão ao nível da direção. 

Na versão de Ghosn, os japoneses, alinhados com a administração da Nissan, quiseram afastá-lo das rédeas do grupo automóvel numa tentativa de que a Renault reduzisse a sua influência na Nissan - um objetivo que Ghosn considera ter sido alcançado. "Uma mão cheia de indivíduos sem escrúpulos" na Nissan terão estado na origem de toda a "perseguição" de que se diz vítima. "A concertação entre a Nissan e os procuradores está em todo o lado, só o povo japonês é que não quer ver", acusou. 

O histórico da detenção

Carlos Ghosn, empresário franco-brasileiro de origem libanesa, estava em prisão domiciliária no Japão a aguardar julgamento por, entre outros crimes, evasão fiscal, mas chegou no passado domingo ao Líbano, informação confirmada pelos serviços de segurança libaneses. A ministra da Justiça japonesa assegurou que o país vai tomar "as medidas necessárias" para que o ex-presidente da Nissan seja julgado no Japão.

Carlos Ghosn, antigo presidente do conselho de administração e presidente executivo do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, foi detido em Tóquio em 19 de novembro de 2018 por suspeita de abuso de confiança e evasão fiscal.

O empresário, que esteve detido durante vários meses no Japão, foi, posteriormente, libertado em março de 2019, após o pagamento de uma caução, mas acabou por ser novamente preso, no início de abril, e novamente libertado sob caução e sujeito a condições restritas (prisão domiciliária).

Os advogados e a família de Carlos Ghosn, de 65 anos, têm criticado fortemente as condições da detenção do empresário, bem como a forma como a justiça nipónica tem gerido os procedimentos deste caso.

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