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Vida de fugitivo consome milhões da fortuna de Ghosn

A vida de fugitivo está a sair cara a Carlos Ghosn.

Reuters
13 de Janeiro de 2020 às 17:31
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O custo da fuga inclui 14 milhões de dólares da fiança, enquanto a operação que permitiu que o ex-presidente da Nissan comemorasse a véspera de Ano Novo em Beirute deverá ter custado mais de 15 milhões de dólares.

O valor inclui 350 mil dólares para o jato particular que levou o ex-executivo de Osaka a Istambul e milhões de dólares para a sua fuga por vários países, que uma equipa de 25 pessoas terá planeado durante seis meses, segundo um especialista em segurança privada que pediu para não ser identificado.

Com tantos gastos, a fortuna de Ghosn encolheu 40% desde que foi preso há mais de um ano no aeroporto de Haneda, em Tóquio, segundo estimativas do Índice de Bilionários da Bloomberg. A sua fortuna está agora estimada em cerca de 70 milhões de dólares, abaixo dos 120 milhões na altura da sua primeira aparição em tribunal há um ano.

‘Missão Impossível’

Num tom impetuoso durante conferência de imprensa de duas horas e meia em Beirute na quarta-feira, Ghosn, de 65 anos, declarou repetidamente a sua inocência contra alegações de que teria ocultado os seus rendimentos e desviado recursos da empresa para benefício pessoal e acusou procuradores, autoridades do governo japonês e executivos da Nissan de conspiração para o derrubar, insistindo que limparia o seu nome.

"Estou habituado ao que vocês chamam de missão impossível", disse em resposta a questões dos jornalistas no local. "Podem esperar algumas iniciativas que tomarei nas próximas semanas para dizer como vou limpar o meu nome".

Essas iniciativas podem incluir um livro para contar tudo. Ghosn planeia publicar a história da sua prisão, segundo o canal público japonês NHK.

Com o colapso da sua carreira, Ghosn já perdeu milhões em remunerações. No ano passado, a Nissan cancelou o pacote de reforma e a remuneração vinculada às ações, e a Renault disse que Ghosn não iria beneficiar de um acordo de não concorrência assinado em 2015 e dos pagamentos que estavam condicionados à sua permanência na empresa. Muitas das acusações contra Ghosn concentram-se em pagamentos de reforma, totalizando mais de 140 milhões de dólares, que ainda não havia recebido.

Investigações francesas

Isto pode ser apenas o início. As investigações francesas focadas no alegado desvio de dinheiro da Renault por parte de Ghosn para dar festas luxuosas e pagar serviços de consultoria. O antigo executivo também fechou um acordo de um milhão de dólares para arquivar uma queixa civil da SEC dos EUA, segundo a qual Ghosn não teria divulgado adequadamente os possíveis pagamentos de reforma, sem ter admitido ou negado as irregularidades.

O Paul Weiss Rifkind Wharton & Garrison LLP, escritório de advocacia de Ghosn nos EUA, não quis comentar as estimativas da Bloomberg sobre a fortuna do fugitivo ou sobre o acordo com a SEC. O advogado libanês de Ghosn também não quis comentar.

A Nissan está a tentar entrar com uma ação judicial contra Ghosn no Líbano, segundo fontes próximas dos planos da empresa, para recuperar o dinheiro que, segundo a fabricante, ele terá usado de forma inadequada. A fabricante quer tirá-lo da vila rosa em Beirute, casa à qual Ghosn ainda tem acesso. Depois de ter comprado a chamada mansão rosa por 8,75 milhões de dólares, a Nissan renovou a propriedade e colocou-a à disposição de Ghosn.

Não é claro ainda se algum ativo de Ghosn foi apreendido. Em processos judiciais no Japão, os bens de um réu não podem ser confiscados até que haja um veredicto, de acordo com Taichi Yoshikai, professor de direito da Universidade Kokushikan.

Os ativos só podem ser congelados se estiverem vinculados a certos tipos de crimes, relacionados principalmente com o crime organizado, e um juiz determina se devem ser apreendidos em caso de o arguido ser considerado culpado, acrescentou. Não se sabe como isso será aplicado quando um réu estiver no exterior, disse.

O cálculo da Bloomberg sobre a fortuna de Ghosn assume que nenhum dos seus ativos no momento da prisão - incluindo ações da Renault e Nissan agora avaliadas em cerca de 60 milhões de dólares - foi apreendido ou vendido.

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