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Carlos Tavares vai ser CEO da Peugeot em 2014 (act)

Construtora de automóveis francesa confirmou que Carlos Tavares vai ingressar na administração da Peugeot e que assumirá o cargo de presidente executivo em 2014.

Bloomberg
25 de Novembro de 2013 às 17:03
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Carlos Tavares vai integrar o Conselho de Administração da PSA Peugeot Citroën a partir do primeiro dia do próximo ano e sucederá a Philippe Varin como presidente executivo (CEO) da empresa ao longo de 2014.

 

A informação consta de um comunicado da empresa francesa, que confirma o que no domingo a imprensa já tinha dado conta.

 

“Depois de uma consulta extensa, o conselho de supervisão escolheu Carlos Tavares para suceder ao actual presidente da comissão executiva. Com este objectivo, Carlos Tavares vai integrar o Conselho de Administração a partir de 1 de Janeiro de 2014 até à sua nomeação como presidente da comissão executiva durante 2014”, refere o comunicado.

 

Até lá o actual CEO da empresa francesa, Philippe Varin, vai continuar com a sua missão “em particular com a responsabilidade de liderar o início das discussões estratégicas com os vários parceiros”.

 

Assim que entrar na Peugeot, Carlos Tavares terá como desafio “trabalhar nos planos de acção que visam continuar o processo de recuperação do grupo”, refere o comunicado. Thierry Peugeot, presidente do Conselho de Supervisão e um dos responsáveis da família que controla 25,5% do capital da empresa, refere-se ao gestor português Carlos Tavares como “um reputado profissional da indústria automóvel”. Uma escolha que “assegura que a estratégia de recuperação e desenvolvimento para superar a actual crise, que tem vindo a ser implementada há vários anos, continuará a ser executada no longo prazo”.

 

Já ontem a imprensa tinha dado conta que o gestor português era a primeira escolha para liderar a Peugeot. Em Agosto Carlos Tavares saiu da Renault depois de ter demonstrado vontade de liderar uma grande construtora de automóveis e reconhecido que tal seria muito difícil na empresa francesa, que é liderada por Carlos Ghosn. Agora, o gestor português tem o caminho aberto para chegar a número 1 de um grande construtor automóvel mundial.

 

A escolha de Carlos Tavares representa uma quebra na tradição nos 117 anos de história da companhia, que sempre escolheu o líder da empresa através de uma selecção interna.

 

À procura de capital

 

Carlos Tavares não tem tarefa fácil pela frente, já que a companhia francesa passa por uma crise financeira que está a afectar todo o sector automóvel mundial, mas mais em particular a companhia francesa. No primeiro semestre deste ano a Peugeot teve prejuízos operacionais de 510 milhões de euros, com a forte dependência do mercado europeu a penalizar a companhia, que procura um parceiro industrial que injecte dinheiro na empresa através de um aumento de capital que no total pode chegar a 3 mil milhões de euros.

 

A chinesa Dongfeng Motor chegou a admitir ficar com 20% da empresa, igualando a posição detida pelo estado francês, mas agora o objectivo passa por deter apenas 10%. Será neste processo de recapitalização da empresa e construção de alianças que o actual CEO da empresa centrará atenções quando Tavares entrar na empresa.

  

Desde que Varin assumiu a liderança da Peugeot em 2009, a empresa eliminou 11.200 postos de trabalho e encerrou uma fábrica nos arredores de Paris. Recentemente chegou a acordo com os trabalhadores para reduzir a remuneração das horas extra e congelar aumentos salariais, dando em troca a garantia que não fecharia mais fábricas em França até 2016.

 

Em Portugal a companhia detém uma fábrica, em Mangualde, que emprega mais de 1.100 trabalhadores e produz os modelos Citroën Berlingo e Peugeot Partner. Este ano, a unidade fabril vai produzir 285 carros/dia, num total de 60.000 automóveis. Uma subida de 30% face aos 49.000 que saíram da fábrica em 2012, que é a maior empresa da região e uma das maiores exportadoras de Portugal.

 

 
O gestor que saiu da Renault por querer chegar a CEO

“Poliglota”, “apaixonado pelo mundo automóvel”, “austero” e “extremamente rigoroso”. Foi assim que o jornal económico francês “La Tribune” classificou Carlos Tavares quando este foi escolhido, em Maio de 2011, para braço-direito de Ghosn na Renault, depois de um escândalo de espionagem ter levado a demissão do anterior nº2 da empresa francesa.

 

Carlos Tavares entrou para a Renault em 1981 e só saiu em 2004, quando assumiu funções na divisão da América do Norte da Nissan (a empresa nipónica é detida em mais de 40% pela Renault).

 

Carlos Tavares era considerado por muitos como um sucessor provável do actual líder Carlos Goshn, de 59 anos, mas em meados de Agosto, em entrevista à Bloomberg, surpreendeu ao demonstrar intenção de seguir carreira como líder noutras paragens.

 

“Quem for apaixonado pela indústria automóvel chega à conclusão que há um ponto em que temos energia e vontade de chegar a número 1”, disse o ex-Chief Operations Officer da marca francesa - onde chegou há 31 anos como piloto de testes -, mostrando vontade de não querer esperar tanto tempo assim para suceder a Goshn.

 

Tavares deu a entender que a sua ambição pessoal de liderar a marca francesa não lhe permitia esperar mais cinco anos, que o próprio acreditava que Goshn ainda passasse à frente da Renault. Nessa altura, o português já teria 60 anos e considerava que seria tarde de mais para assumir a liderança de uma grande construtora.

 

Na mesma entrevista, questionado directamente sobre o interesse em liderar a General Motors, afirmou que “seria uma honra”. Directamente sobre a sucessão da marca norte-americana disse: “A GM poderá ter outros bons candidatos em equação e se as coisas não se proporcionarem, não faz mal. Considerarei outras empresas, mas as de Detroit são as que estão a preparar a sucessão”.

 

Carlos Tavares não terá que voltar a atravessar o Atlântico seerá no mesmo país onde trabalhou nos últimos anos que atingirá o objectivo de liderar uma grande construtora automóvel mundial.

 

 (notícia actualizada às 17h23 com mais informação)

 

 

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