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Grupo Amorim vai perder dinheiro no Dão durante dez anos
A administradora Luísa Amorim estima que o projecto da Taboadella, uma quinta que acaba de comprar em Sátão, só vai começar a ser rentável dentro de uma década, quando vender 2,5 milhões de euros em vinho e enoturismo.
O novo projecto vitivinícola do Grupo Amorim, localizado na região do Dão, só vai começar a ser rentável dentro de uma década. Um mês depois de fechar a aquisição da Quinta da Taboadella, a administração faz as contas e prevê "atingir o break-even em dez anos", altura em que estima atingir uma receita anual de 2,5 milhões de euros com os vinhos e o enoturismo.
Este é o prazo fixado por Luísa Amorim, a mais nova das três filhas de Américo Amorim e a responsável pelos negócios nesta área, para deixar de perder dinheiro e começar a gerar receitas suficientes para recuperar o capital investido no lançamento deste projecto. Um novo empreendimento que reforça a presença do grupo no sector do vinho, 19 anos depois de comprar a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, no Douro.
"Estamos numa altura óptima [em] que em Portugal e no estrangeiro se vende cada vez mais e melhor vinho português. Esta nossa fase de expansão corresponde a alguma maturação que adquirimos ao longo de quase vinte anos. (…) Este novo projecto vai acrescentar um grande valor à Quinta Nova", frisa Luísa Amorim, notando que "não existe necessariamente a ambição de expandir para novos mercados". Embora seja uma "mais-valia" ter a rede de distribuição já consolidada, "o Douro e o Dão vendem-se pelo seu segmento e especialidade".
Localizada na freguesia de Silvã de Cima, no concelho de Sátão, entre os vales de Pereiro e de Sequeiros, esta nova propriedade tem 40 hectares de vinhas e custou 1,25 milhões de euros. Segundo noticiou o Público, "a sociedade que a detinha entrou em insolvência e o negócio do grupo Amorim teve de passar pela negociação com o tribunal". Na página da empresa no Facebook, a vendedora Rosa Maria Pereira Albuquerque Silva recordou a transformação iniciada pelo pai há 30 anos, "quando na região havia apenas adegas cooperativas".
Nesta quinta descrita como uma das mais antigas e mais elevadas da região, situada a 520 metros de altitude e de onde se avistam as primeiras colinas da Serra da Estrela, a vindima arranca este ano em modo experimental, com um teste ao potencial das uvas a cargo da dupla de enologia e viticultura, Jorge Alves e Ana Mota. No entanto, o projecto só deve ganhar maior fôlego nos dois próximos anos, com as alterações na vinha e a construção de uma nova adega.
Mesmo sem ter a gama fechada e os preços médios definidos, a gestora defende que, tal como na Quinta Nova – o activo que o pai, que morreu em Julho de 2017, manteve após desistir dos investimentos que fizera no vinho do Porto, facturou 4,2 milhões em 2017 com a venda de meio milhão de garrafas –, o grupo quer "posicionar este projecto num segmento muito alto do mercado, que em todo o mundo representa apenas 10% das vendas totais de vinhos oriundos de todos os continentes".
E depois do Douro e do Dão (onde também quer apostar no enoturismo, que valeu um quinto do negócio duriense), que projectos futuros tem o grupo para esta área de negócio? "Nesta fase estamos focados na Taboadella, que acabámos de comprar e é um projecto que nos vai dar algum trabalho. Mas nunca fechamos a porta a boas oportunidades e estamos sempre atentos", conclui Luísa Amorim.