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Sardinha é o peixe que dá mais dinheiro

Os pareceres científicos sobre a situação delicada da sardinha são vistos com desconfiança no sector das pescas. Em 2016, a sardinha gerou um rendimento de quase 28 milhões de euros mas deu emprego a menos de duas mil pessoas.

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20 de Julho de 2017 às 22:00
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Para a maioria dos portugueses, a sardinha come-se. Para uma minoria, a sardinha dá a comer – e gera muito dinheiro.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a sardinha gerou em 2016 um rendimento de quase 28 milhões de euros, o que representa 15% do rendimento total gerado na descarga de peixes marinhos. Embora não seja a espécie mais pescada – esse título cabe à cavala seguida pelo carapau – a sardinha é de longe o peixe que proporciona maior rendimentos (só ultrapassado pelo polvo, que é um molusco) no momento da descarga na lota. Isso deve-se naturalmente ao seu preço: a sardinha tem um preço elevado – cerca de dois euros ao quilo de pesca descarregada, muito acima do custo associado ao carapau ou à cavala (ver gráfico no fim).

Claro que quando se pretende analisar o negócio da sardinha é preciso ter em conta o segmento de frota e não apenas a espécie em si. A sardinha é apanhada pela frota de cerco, onde é pescado também o carapau e a cavala, entre outras espécies. E esta não é a frota que gera mais rendimento. É a chamada frota polivalente, onde se usam diferentes métodos de pesca, que não só emprega a grande maioria dos pescadores, como também gera a maior parte do rendimento. Segue-se a frota de cerco e por último a de arrasto.


É curioso notar que apesar do volume de capturas de sardinhas ter caído a pique o mesmo não sucedeu com o valor gerado. Enquanto as capturas caíram 72%, o rendimento gerado pelo peixe total capturado não caiu, e até aumentou 6%. Isso resultou do aumento do preço que, por sua vez, é uma consequências das restrições à pesca que resultam da redução do stock de sardinhas disponível no mar.

Perante as restrições à pesca da sardinha, as embarcações de cerco tiveram de se virar para as outras espécies, em particular a cavala e o carapau, que embora sejam mais baratas, não estão sujeitas às mesmas limitações na medida em que não levantam problemas quanto à preservação de espécie. 

 

Parecer científico gera críticas

A sardinha e as limitações à sua captura saltaram para a actualidade depois do Negócios ter divulgado um parecer muito negativo do organismo científico (ICES, na sigla inglesa) que aconselha a Comissão Europeia nestas matérias. Segundo este parecer, elaborado a pedido da Comissão Europeia mas que ainda não é o parecer final que servirá de referência para o ano de 2018, a política seguida por Portugal e Espanha não é precaucionária, não garantindo devidamente a preservação da espécie – conclusão que é contrariada pelo Governo. O organismo diz que para se reporem os stocks adequados de sardinha seriam necessários pelo menos 15 anos de suspensão da pesca.

O presidente da Associação de Produtores da Pesca do Cerco disse estar "perplexo" com este parecer: "Discordamos totalmente" e "não compreendemos de todo" este parecer. A indústria conserveira considera "impensável" a suspensão da pesca e diz que seria "muito mau" pois "parava a frota toda, não sei quantas fábricas e empregos".

as organizações ambientais aplaudem o documento do ICES e dizem que o carapau ou a cavala podem ser boas alternativas à sardinha do ponto de vista económico. Mas não do ponto de vista alimentar, dirá o leitor apreciador de sardinha. 

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