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Organizações ambientais: carapau pode ser uma alternativa à sardinha

A mensagem da organizações é simples: reduzir a pesca da sardinha agora ou não ter nada para pescar dentro de algum tempo. Contudo, reconhecem que é um tema difícil de abordar, devido à popularidade da espécie em Portugal.

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20 de Julho de 2017 às 14:59
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As organizações ambientais não ficaram surpreendidas com a recomendação do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES, na sigla em inglês) de suspensão da pesca da sardinha durante 15 anos em Portugal. Os dados mostravam há algum tempo uma progressiva deterioração do stock de sardinha, que parece exigir agora uma actuação musculada. A alternativa pode passar por substituir a sua pesca por outras espécies, como o carapau.

 

"Se queremos sardinha no futuro, o alerta tem de ser forte", afirma ao Negócios Tereza Fonseca, da Quercus. "É um bocado agressivo, mas pelos dados científicos a sardinha está em muito mau estado. O Governo tem de tomar medidas para que esta pesca tenha futuro."

 

Rita Sá, da WWF (World Wide Fund for Nature), sublinha que não se trata de um problema passageiro. "Não são dados pontuais. É uma tendência dos últimos dez anos", explica, reconhecendo que factores como alterações climáticas e interacção com outras espécies podem ser mais relevantes para o fenómeno, mas que essas variáveis são muito mais difíceis de influenciar. "Reconhecemos o esforço do sector [das pescas] e do Governo. Mas a pesca é a única coisa que podemos controlar."

 

O Negócios noticiou hoje que o ICES fez este ano uma recomendação inédita a Portugal: suspender por completo a pesca de sardinha durante pelo menos 15 anos, com o objectivo de recuperar os stocks, que atingiram níveis alarmantes.

 

A Quercus ainda não se quer comprometer na defesa desta recomendação em específico. "Temos de falar mais. A sustentabilidade ambiental é a nossa principal preocupação, mas o cariz social deve ser tido em conta", diz Tereza Fonseca, referindo-se às empresas do sector e aos seus trabalhadores.

 

A WWF e a Quercus dizem que uma das soluções que tem sido estudada é a substituição da pesca da sardinha pela pesca do carapau, que tem stocks em muito melhor estado. Outras espécies, como a cavala, também poderão ser uma hipótese, mas nesse caso ainda não existem dados que permitam avaliar o estado dos stocks. O carapau é a alternativa mais segura.

 

Um dos grandes desafios deste tema é sensibilizar os consumidores acerca dos riscos de continuar a depauperar os números da sardinha. "Houve uma grande campanha de marketing em torno da sardinha. Era um peixe ignorado", refere Rita Sá, sublinhando o crescimento da popularidade da espécie nos últimos 20 anos.

 

Em alguns casos, como Lisboa, a sardinha tornou-se um símbolo de identificação municipal, ganhando grande protagonismo na altura dos Santos Populares. Essa "afeição" dos consumidores "é um obstáculo, sem dúvida", reconhece Tereza Fonseca. "É preciso ter cuidado com aquilo que se diz. Principalmente nesta altura de Santos."

 

O que se pode então fazer? Rita Sá sugere que, além da actuação do Governo, é necessário que as autarquias se envolvam "numa grande campanha".

 

O objectivo é evitar que aconteça em Portugal aquilo que já aconteceu na Califórnia, onde os stocks de sardinha colapsaram repentinamente nos anos 50.  As organizações argumentam que é essa a escolha: consumir menos ou esgotar a pescaria dentro de alguns anos. "As pessoas querem comer sardinha. Tentem não comer tanta", pede Tereza Fonseca.

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