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Associação perplexa com organismo que recomenda suspensão da pesca da sardinha
O presidente da Associação de Produtores da Pesca do Cerco disse hoje estar "perplexo" com a recomendação do organismo científico sobre a suspensão da pesca da sardinha por 15 anos, considerando que é um "cenário apocalíptico" e injustificado.
O presidente da Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOP-Cerco) comentava em declarações à agência Lusa a notícia, do jornal de Negócios, de que o Conselho Internacional para a Exploração do Mar, organismo científico que aconselha a Comissão Europeia sobre as quotas de captura de peixe, recomenda a suspensão total da sardinha por um período mínimo de 15 anos.
O parecer do organismo científico, que não é vinculativo e a que jornal de Negócios teve acesso, diz que "Portugal deve parar por completo a pesca da sardinha e durante um período mínimo de 15 anos para que o stock de sardinha regresse a níveis aceitáveis".
"Estamos perplexos. Discordamos totalmente deste parecer e não o compreendemos de todo. Não compreendemos como passamos de um cenário relativamente positivo, com uma ligeira recuperação do recurso e com base na recomendação do ano anterior, para este cenário tão pessimista, eu diria até apocalíptico", disse à Lusa Humberto Jorge.
O presidente da ANOP -- Cerco disse que a associação discorda "do cenário traçado" porque o que "se está a verificar no terreno é uma abundância e regularidade das capturas e desembarques como há muitos anos não se verificava".
"Discordamos e não compreendemos de todo como se passa de uma situação de relativo optimismo para um cenário apocalíptico quando este parecer não contém absolutamente nenhuma informação científica nem profissional desde Outubro do ano passado e até agora", frisou.
Segundo Humberto Jorge, as informações científicas recolhidas durante o ano de 2017 não estão contidas no parecer do organismo científico.
Humberto Jorge lembra que o stock tem problemas há cerca de 10 anos, sobretudo com recrutamento de juvenis, por motivos que nem os cientistas sabem explicar, embora possam estar relacionados com alterações climáticas, que não têm a ver com a pesca.
"Temos reconhecido o problema e diminuímos o período de actividade ao longo de dez anos para níveis mínimos como nunca tivemos, mas também é um facto que assistimos a uma permanente estabilização da biomassa e neste ultimo ano até uma melhoria da biomassa na faixa portuguesa", disse.
Por isso, a associação não compreende esta recomendação com um cenário tão negro.
"Espero que Portugal, Espanha e a Comissão Europeia, não tanto a Comissão Europeia porque têm uma tendência forte para seguir estes pareceres, consigam contrariar esta vontade que não se baseia em dados científicos recentes, nem em dados profissionais recente", concluiu.
Em declarações ao Negócios, o secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, esclareceu que este relatório não dispõe de informação actualizada, respeitante às zonas Centro e Norte do país - que só deverá chegar nos próximos meses e do qual resultará uma recomendação ao país".