Notícia
Dia Mundial da Abelha: Apicultores esperam um "ano bom" na produção de mel
Apicultores portugueses esperam uma produção de mel na ordem das 15 mil toneladas em 2024 após fortes quebras dos últimos dois anos. Hoje assinala-se o Dia Mundial da Abelha.
Depois da tempestade vem a bonança. Após ter vivido no ano passado a pior crise em quatro décadas, a Federação Nacional de Apicultores de Portugal (FNAP) espera um 2024 "bom" para a produção de mel.
A expectativa ancora-se no facto de a maior parte do mel "made in" Portugal vir das florações da primavera e, este ano, ao contrário dos dois últimos, as condições climatéricas foram "completamente diferentes", decorrendo de "forma normal". Assim, de um modo geral, "espera-se um ano bom para a produção de mel a nível nacional", diz o secretário-geral da Federação Nacional de Apicultores, João Casaca, ao Negócios, pelo Dia Mundial da Abelha.
Contudo, como ressalva, "apesar de Portugal ser um país pequeno, é muito diverso em termos orográficos e climáticos", pelo que pode haver oscilações entre regiões. Foi, aliás, o que se verificou no ano passado, já que as quebras de produção de mel foram seguramente superiores a 50% em todo o país, mas houve zonas em que o golpe foi de 80%, como consequência da seca.
Embora a cresta esteja a começar por esta altura, João Casaca antecipa um ano de "relativa normalidade", esperando-se uma produção de mel entre "14 a 15 mil toneladas". Não há dados oficiais relativos ao ano passado - o Instituto Nacional de Estatística deve divulgar mais tarde -, mas face a 2022, estima, tratar-se-á de um aumento na ordem dos 20%.
Segundo os dados mais recentes, compilados pelo secretário-geral da FNAP, Portugal contava com 11.471 apicultores em 2023, um número que se tem mantido estável, mas o universo de colmeias sofreu "uma quebra muito acentuada" de 120 mil nos últimos cinco anos para menos de 700 mil em cinco anos, o que significa que "a maior parte dos que abandonaram provavelmente seriam grandes apicultores", observa.
A grande pressão a que ficou sujeita a rentabilidade das explorações apícolas no ano passado levou, de resto, a um grito de alerta que levaria o Governo a incluir o setor entre os beneficiários de um pacote de apoio financeiro pensado para apoiar os mais expostos aos efeitos da seca, destinando à apicultura 1,3 milhões de euros.
Para se ter uma ideia, com base em dados comparáveis, em 2021, Portugal produziu 10.441 toneladas de mel, exportando 9.635. João Casaca chama a atenção para uma balança comercial "equilibrada", com as importações e as exportações aumentarem "mais ou menos na mesma proporção".
"Não é um fenómeno exclusivo de Portugal, mas relativamente à importação falta-nos algum controlo nas fronteiras, no sentido de saber para onde vai o mel - se para reexportação ou para outro destino. A rastreabilidade só é feita quando chega ao consumidor e há muita suspeita dos percursos que faz até chegar à mesa do consumidor europeu, até porque o mel é um produto alimentar que sofre muito de fraude", sustenta o mesmo responsável.
O facto de a Europa ser "o maior mercado consumidor de mel do mundo" faz com que haja "muita concorrência". Joao Casaca alerta que o mel que entra em Portugal é de "muito baixo preço - mas de qualidade inferior ao português - o que acaba a determina o pagamento de preços baixos ao produtor. E o rendimento dos apicultores é, de resto, "o que mais preocupa".
João Casaca sublinha que é preciso ter noção da importância do serviço de polinização e que, embora no campo exista a perceção do bem que faz à produção de culturas como maçã, laranja ou amêndoa, ainda há um longo caminho a percorrer na consciencialização para o papel das abelhas nos mais diferentes ecossistemas.
É, aliás, esta filosofia que o secretário-geral da FNAP gostaria de ver plasmada num futuro ciclo da Política Agrícola Comum (PAC). "Andamos a insistir para que também os apicultores possam ser remunerados pelos serviços de polinização que proporcionam, mas ainda estamos numa fase muito embrionária".
UE compra mais do que vende
A efeméride do Dia Mundial da Abelha levou o Eurostat a publicar dados sobre o comércio de mel que mostram que a UE importa 6,5 vezes mais mel do que vende ao exterior. Ao todo, em 2023, os Estados-membros compraram 163.700 toneladas de mel natural, mais 20% do que há dez anos, no valor de 359,3 milhões de euros. Já as exportações para fora do espaço comunitário foram de 24.900 toneladas, o que traduz uma subida de 14% face a 2013, com o mel vendido avaliado em 146 milhões.
As importações de mel da UE fora do bloco vieram sobretudo da China (60.200 toneladas ou 37% do total de importações extra-comunitárias), seguindo-se a Ucrânia (45.800 toneladas, 28%) e a Argentina (20.400 toneladas, 12%).
Já do lado das exportações, Espanha foi o maior, vendendo a países fora da UE 7.100 toneladas de mel, o equivalente a 29% das vendas extra-comunitárias de mel. Em segundo lugar figurou a Alemanha (5.500 toneladas, 22%) num pódio que se completou com a Roménia (1.700 toneladas, 7%), de acordo com o gabinete de estatística europeu.
A expectativa ancora-se no facto de a maior parte do mel "made in" Portugal vir das florações da primavera e, este ano, ao contrário dos dois últimos, as condições climatéricas foram "completamente diferentes", decorrendo de "forma normal". Assim, de um modo geral, "espera-se um ano bom para a produção de mel a nível nacional", diz o secretário-geral da Federação Nacional de Apicultores, João Casaca, ao Negócios, pelo Dia Mundial da Abelha.
Embora a cresta esteja a começar por esta altura, João Casaca antecipa um ano de "relativa normalidade", esperando-se uma produção de mel entre "14 a 15 mil toneladas". Não há dados oficiais relativos ao ano passado - o Instituto Nacional de Estatística deve divulgar mais tarde -, mas face a 2022, estima, tratar-se-á de um aumento na ordem dos 20%.
Segundo os dados mais recentes, compilados pelo secretário-geral da FNAP, Portugal contava com 11.471 apicultores em 2023, um número que se tem mantido estável, mas o universo de colmeias sofreu "uma quebra muito acentuada" de 120 mil nos últimos cinco anos para menos de 700 mil em cinco anos, o que significa que "a maior parte dos que abandonaram provavelmente seriam grandes apicultores", observa.
A grande pressão a que ficou sujeita a rentabilidade das explorações apícolas no ano passado levou, de resto, a um grito de alerta que levaria o Governo a incluir o setor entre os beneficiários de um pacote de apoio financeiro pensado para apoiar os mais expostos aos efeitos da seca, destinando à apicultura 1,3 milhões de euros.
Para se ter uma ideia, com base em dados comparáveis, em 2021, Portugal produziu 10.441 toneladas de mel, exportando 9.635. João Casaca chama a atenção para uma balança comercial "equilibrada", com as importações e as exportações aumentarem "mais ou menos na mesma proporção".
"Não é um fenómeno exclusivo de Portugal, mas relativamente à importação falta-nos algum controlo nas fronteiras, no sentido de saber para onde vai o mel - se para reexportação ou para outro destino. A rastreabilidade só é feita quando chega ao consumidor e há muita suspeita dos percursos que faz até chegar à mesa do consumidor europeu, até porque o mel é um produto alimentar que sofre muito de fraude", sustenta o mesmo responsável.
O facto de a Europa ser "o maior mercado consumidor de mel do mundo" faz com que haja "muita concorrência". Joao Casaca alerta que o mel que entra em Portugal é de "muito baixo preço - mas de qualidade inferior ao português - o que acaba a determina o pagamento de preços baixos ao produtor. E o rendimento dos apicultores é, de resto, "o que mais preocupa".
João Casaca sublinha que é preciso ter noção da importância do serviço de polinização e que, embora no campo exista a perceção do bem que faz à produção de culturas como maçã, laranja ou amêndoa, ainda há um longo caminho a percorrer na consciencialização para o papel das abelhas nos mais diferentes ecossistemas.
É, aliás, esta filosofia que o secretário-geral da FNAP gostaria de ver plasmada num futuro ciclo da Política Agrícola Comum (PAC). "Andamos a insistir para que também os apicultores possam ser remunerados pelos serviços de polinização que proporcionam, mas ainda estamos numa fase muito embrionária".
UE compra mais do que vende
A efeméride do Dia Mundial da Abelha levou o Eurostat a publicar dados sobre o comércio de mel que mostram que a UE importa 6,5 vezes mais mel do que vende ao exterior. Ao todo, em 2023, os Estados-membros compraram 163.700 toneladas de mel natural, mais 20% do que há dez anos, no valor de 359,3 milhões de euros. Já as exportações para fora do espaço comunitário foram de 24.900 toneladas, o que traduz uma subida de 14% face a 2013, com o mel vendido avaliado em 146 milhões.
As importações de mel da UE fora do bloco vieram sobretudo da China (60.200 toneladas ou 37% do total de importações extra-comunitárias), seguindo-se a Ucrânia (45.800 toneladas, 28%) e a Argentina (20.400 toneladas, 12%).
Já do lado das exportações, Espanha foi o maior, vendendo a países fora da UE 7.100 toneladas de mel, o equivalente a 29% das vendas extra-comunitárias de mel. Em segundo lugar figurou a Alemanha (5.500 toneladas, 22%) num pódio que se completou com a Roménia (1.700 toneladas, 7%), de acordo com o gabinete de estatística europeu.