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S&P sugere "medidas adicionais" para travar custos com pensões e saúde
Com a população portuguesa a decair e a envelhecer, a agência de notação estima que sem novas medidas os gastos com a velhice em 2050 alcancem os 24% do PIB, elevando a dívida pública a 161% do PIB.
A queda da população activa em Portugal e o aumento do número de pensionistas deverá aumentar os desafios para o crescimento económico do país nas próximas décadas, a menos que sejam postas em prática medidas de contenção dos gastos relacionados com o avanço da idade dos portugueses.
A conclusão é da agência de rating S&P, num relatório publicado esta quinta-feira, 1 de Setembro, denominado: "Envelhecimento Global 2016: Envelhecimento da população portuguesa acrescenta desafios orçamentais."
Com a previsão de que a população portuguesa se reduza em cerca de 15% até 2050 e com os idosos a representar mais de um terço (35%) da população nessa altura, a S&P estima que sem novas medidas os gastos com a velhice nesse ano alcancem os 24% do produto interno bruto (PIB), elevando a dívida pública a 161% do PIB.
"Apesar de alguns progressos na reforma do sistema de pensões", refere o relatório, "as previsões orçamentais de médio prazo estão penalizadas por uma série de obstáculos ao crescimento económico."
Mrsnik reconhece os esforços feitos no passado para reduzir os riscos do envelhecimento na sustentabilidade das finanças públicas, mas refere que a evolução orçamental "continuará a ser desafiante, dadas as fracas previsões de crescimento económico no curto prazo e a falta de uma redução firme do défice orçamental e da dívida pública, reflectida também nos custos adicionais de recapitalização da banca."
A S&P refere que os custos com pensões rondam actualmente os 14% do PIB e a saúde representa 6% do produto e que, sem novas acções, os custos com a saúde crescerão a um ritmo mais acelerado do que as despesas com pensões.
Apesar de reconhecer que o fenómeno do envelhecimento da população não é exclusivo de Portugal, a agência refere que a situação do país é "pior do que vários outros países na nossa amostra", já que os gastos actuais com factores ligados ao envelhecimento são "relativamente elevados" e que o perfil demográfico está a deteriorar-se rapidamente. Factores que são agravados pelo fenómeno recente da emigração.