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Em 2030 haverá mais idosos do que crianças em 56 países
Actualmente são já 30 os países onde se verifica uma inversão demográfica, com mais idosos do que crianças com menos de 15 anos de idade. Mas em 2030 esta inflexão demográfica vai fazer-se sentir em 56 países, conclui um estudo citado pela Bloomberg.
Em 1995 a Itália era o único país, em todo o mundo, onde o número de crianças (com idade inferior a 15 anos) era menor do que o total de idosos (pessoas com mais de 65 anos de idade). Em 2001 eram sete os países em que essa inversão democrática se consubstanciara, incluindo Portugal, Alemanha e Japão. E actualmente são já 30 países em que há mais idosos do que crianças, a maior parte Estados-membros da União Europeia (UE).
Contudo, de acordo com um estudo realizado por Joseph Chamie, ex-director do departamento demográfico das Nações Unidas, o número de países em que a reversão demográfica será uma realidade vai duplicar até 2030, passando a incluir Estados como a China, a Rússia ou os Estados Unidos.
Analisando o relatório, a agência Bloomberg refere que esta "inversão histórica" parece ser "irreversível". Até porque esta tendência, ao contrário do que se verificava inicialmente, não se limita aos países industrializados tais como a Alemanha ou o Japão, devendo estender-se, já em 2020, a Estados como Cuba e em 2025 a países como a Tailândia e os Estados Unidos.
Esta tendência é aquilo a que Chamie chama de passagem de uma sociedade "Toys ‘R’ Us para uma Olds ‘R’ Us". O que contraria a história demográfica, em que sempre houve muito mais crianças do que idosos. Chamie recorda que mesmo há apenas meio século, a população mundial de 3,3 mil milhões de pessoas tinha, em média, mais de sete crianças com menos de 15 anos para cada idoso com 65 ou mais anos de idade.
Contudo, hoje em dia nos 7,4 mil milhões de pessoas que compõem a população mundial encontra-se uma média de apenas cerca de três crianças por cada idoso. O continente africano continua a registar o mais elevado rácio crianças/idosos, com 12 crianças por cada idoso. E para 2075, a projectada população mundial de 10,7 mil milhões de pessoas deverá confirmar a inversão demográfica ao nível global.
O estudo de Joseph Chamie alerta para uma problemática cada vez mais discutida ao nível nacional pelos vários quadrantes políticos: a sustentabilidade da Segurança Social. Há algumas décadas havia cerca de 10 trabalhadores por cada pensionista. Mas esse rácio, avisa Chamie, pode cair para números idênticos aos actualmente já verificados em Itália, onde há somente três trabalhadores no activo por cada pensionista.
Sabe-se que as tendências demográficas evoluem de forma lenta. Mas, como sublinha o autor deste estudo demográfico, "não conseguimos anular as leis demográficas".