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Segurança Social pagou 3,7 milhões em pensões a mortos
Tribunal de Contas avisa que responsáveis do ISS e do CNP não desencadearam “quaisquer procedimentos” para recuperar verbas pagas indevidamente e podem ser multados. Vieira da Silva equaciona intervenção da Inspeção-Geral do Ministério.
O Instituto da Segurança Social (ISS) e o Centro Nacional de Pensões (CNP) pagaram pensões no valor de quatro milhões euros indevidamente, sendo que 3,7 milhões de euros foram pagos em pensões de sobrevivência cessadas, em 2016 e 2017, mais de um ano após o óbito dos beneficiários.
Esta é uma das principais conclusões de uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC) às prestações por morte do sistema previdencial processadas em 2016 e 2017 e que será divulgada esta quinta-feira, 28 de fevereiro.
A auditoria do TdC detetou que dos 3,7 milhões pagos indevidamente, 1,9 milhões de euros não foram registados como dívida quando foram cessadas as pensões, "nem foram desencadeados quaisquer procedimentos tendentes à sua recuperação, o que é suscetível de gerar responsabilidade financeira punível com multa para os membros do conselho diretivo do ISS e para o diretor do CNP".
Os juízes do Tribunal concluíram ainda que "os procedimentos implementados no ISS, não asseguram a cessação do pagamento de pensões após o óbito dos beneficiários" e que "subsistem insuficiências de interconexão nas bases de dados da segurança social que continuam a constituir-se como efetivas limitações à rigorosa concessão e suspensão de prestações sociais.
Em sede de contraditório, o ministro do Trabalho, Vieira da Silva revelou que "foi apresentada e aprovada uma norma na proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2019, no sentido de habilitar a interconexão dos dados necessários para o registo do óbito no Sistema de Informação da Segurança Social".
Dando seguimento a outra das recomendações formuladas pelo TdC no sentido de ser feita uma auditoria ao Sistema de Informação de Pensões, Vieira da Silva garantiu que "equacionará, para esse efeito, recorrer a um pedido de ação de inspeção extraordinária à Inspeção-Geral do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social".
Em 2017, a despesa com prestações por morte totalizou cerca de dois mil milhões de euros, dos quais 1.903 milhões em pensões de sobrevivência. Já os encargos com o subsídio por morte e o reembolso de despesas de funeral ascenderam a 102 milhões de euros.
Neste ano estavam em pagamento 740.631 pensões de sobrevivência e foram atribuídos 39.144 subsídios por morte e realizados 48.430 reembolsos de despesas de funeral, tendo-se verificado um aumento de 616 subsídios por morte e 2.313 reembolsos de despesas de funeral, face a 2016.
O Tribunal de Contas recomendou ainda ao conselho diretivo do ISS que faça um "levantamento de todas as situações de pagamentos de pensões após o óbito dos beneficiários, por forma a assegurar-se de que não existem outros casos em que não foram acionados procedimentos de recuperação dos valores indevidamente pagos" e que implemente "procedimentos de controlo interno que assegurem a suspensão do pagamento de pensões no mês seguinte à data do óbito".