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Remuneração e horários afastam médicos do Serviço Nacional de Saúde
Um estudo da Universidade do Porto mostra que um terço dos médicos foram trabalhar em exclusivo para o privado e que quase metade dos jovens médicos ponderam emigrar após concluir o internato de especialidade.
A remuneração, o número de horas de trabalho, a progressão na carreira e as condições físicas e dos equipamentos. Estes são os cinco factores críticos apontados pelos médicos para sustentar a decisão de saída do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
De acordo com o estudo "A carreira médica e os factores determinantes da saída do Serviço Nacional de Saúde (SNS)", noticiado esta segunda-feira, 11 de Dezembro, pela Lusa, Público e TSF, 36% dos que abandonaram o sistema público foram trabalhar em exclusivo para o privado, sendo que mais de 80% já antes acumulavam funções.
Enquanto 43% dos 812 que responderam ao inquérito realizado por Marianela Ferreira tenham saído por reforma, 7% decidiu ir exercer medicina no estrangeiro. A desilusão é mais visível entre os profissionais mais jovens: só um terço dos internos diz que "provavelmente" ou "definitivamente" ficará no sector público em Portugal; e quase metade admite a possibilidade de emigrar.
"É notório que a saída de médicos do SNS não se prende com o abandono do exercício da medicina, mas sim com a procura de melhores condições para o exercício da actividade médica", refere a investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, citada pela TSF, que escreve que metade dos médicos não aufere mais de 3.000 euros brutos mensais.
Apresentado como o primeiro grande estudo sobre o abandono do SNS, este trabalho foi realizado em colaboração com a Ordem dos Médicos (OM) e trabalhou um universo correspondente aos 13.801 médicos inscritos na OM do Norte, 27% do total nacional. O bastonário, Miguel Guimarães, referiu ao Público que este exercício, abrangendo especialistas, internos e médicos que saíram para o privado, vai ser alargado às zonas Centro e Sul.